A menor corda rompeu. E a maior?

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A competente jornalista Tina Santos assinou a matéria: “Governo Jeová envolvido em esquema criminoso com rombo de mais de R$ 20 milhões”, publicada na última terça-feira (17) nas versões impressa e on line do jornal Correio de Carajás. O conteúdo publicitado é extenso e detalhista. Apresenta dados e provas sustentando a manchete. Além da matéria de capa, o assunto ocupou duas páginas inteiras do jornal (páginas seis e sete).

Em relação ao conteúdo e aos envolvidos na denúncia, não cabe a este blog entrar no mérito. A questão é de competência das autoridades da polícia judiciária, Ministério Público e Judiciário. Cabe a este espaço analisar os desdobramentos políticos da ação do jornal no cenário político da região, em especial Canaã dos Carajás (origem e base operacional dos acontecimentos relatados na denúncia) e Parauapebas (por fatores políticos que ficarão claros mais à frente).

O grupo Correio de Comunicação é o maior em seu segmento nas regiões sul e sudeste do Pará. Um conglomerado que aglutina as empresas: Jornal Correio, Rádio Itacaiúnas AM, Rádio Liderança FM, Rádio Correio FM, TV Correio – SBT (Marabá, Parauapebas e Canaã dos Carajás), Portal Correio News e Gráfica Correio. E o grupo está em intenso processo de expansão para outros municípios paraenses.

Fontes ligadas ao blog já vinham relatando a péssima relação entre o prefeito de Canaã dos Carajás, Jeová de Andrade e Wenderson Chamon, o Chamonzinho; ambos pertencentes ao mesmo partido, o MDB. Havia entre os dois uma relação distante, mas sem confronto. Parece que agora a “corda rompeu”. Ou seja, a coexistência pacífica foi encerrada. Portanto, Chamonzinho ao autorizar a matéria de seu jornal contra um correligionário, escancara a ruptura. 

Os fatos levam a crer que o Grupo Correio de Comunicação tem um alvo claro: Jeová Andrade. Não se sabe até quando essa postura ofensiva ocorrerá, ou foi apenas um “recado”. Informações conseguidas pelo blog apontam que ainda há material contra o prefeito de Canaã para ser explorado, mas ainda sem a definição de abordagem, ou quando voltaria a ocupar espaços nos veículos do grupo. Talvez nem volte. O que essa situação conflituosa entre correligionários que ocorre na Serra Sul, serve de exemplo ou de sinal aos ocupantes da Serra Norte?

Não é novidade que a relação entre o prefeito de Parauapebas, Darci Lermen e Chamonzinho é amistosa. O referido empresário e ex-prefeito de Curionópolis é aliado do mandatário da política parauapebense. Inclusive foi o principal agente que promoveu a ida de Lermen ao MDB para disputar a eleição municipal, em 2016. Sabe-se, também, que a relação entre os citados já foi melhor do que o atual momento. E que existe descontentamento na relação política, especialmente do lado do empresário e pré-candidato a deputado estadual. Esses conflitos são fomentados não necessariamente por parte do prefeito, mas de seus assessores mais diretos, em especial o “1º ministro da Cordilheira de Ferro”, que mantém intermitentemente a tesão na “corda” que liga a relação, segundo fontes do Palácio do Morro dos Ventos.

É sabido e já foi abordado diversas vezes por este blog que a gestão Lermen não anda bem avaliada, e não é de hoje. A percepção da sociedade parauapebense só não é pior por conta da relação palaciana com alguns veículos de comunicação da cidade, que conseguem “maquiar” a realidade ao cidadão menos crítico. E se o governo perder esse “escudo” de grande parte da mídia local? Se, por exemplo, Chamonzinho romper relações com o governo municipal de Parauapebas? E se esse rompimento criar um efeito dominó?  Como ficaria a situação política de Darci?

Essa possibilidade – segundo fontes – já esteve bem mais distante do que a situação atual. Um possível sinal ou recado já foi dado na parte sul da Cordilheira de Ferro. Se vai chegar na parte norte, ainda não se pode afirmar, mas é uma possibilidade que não pode ser descartada. Talvez, a definição só possa ocorrer depois das eleições. A corda foi rompida do lado mais curto. E do outro lado, continuará tensionada ou romperá provocando rebatimentos políticos desastrosos ao governo Lermen? Na atual conjuntura a corda aguenta, até quando?

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