Mineração e água, ambos em rota de colisão

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Na edição do último dia 01, o jornal Diário do Pará, apresentou matéria sobre o uso da água pelo setor produtivo paraense, em especial o setor mineral. Segundo a matéria o senador do PMDB, Jáder Barbalho, solicitou à Consultoria Técnica do Senado, estudo inédito sobre o uso dos recursos hídricos pelo setor mineral e o risco futuro de desabastecimento.

O senador esclarece que, no caso do Pará e de Minas Gerais, o tema é mais preocupante, já que são os dois maiores produtores minerais do país. Na mineração, o consumo de água apresenta volumes expressivos quando comparada com o consumo de outras atividades, enquadrando o setor na categoria de consumidor de grande porte. “O setor produtivo não pode parar, assim como não pode haver prejuízos para a população em detrimento desta necessidade. Por isso, segundo ele, foi solicitado estudo aprofundado para que se possa encontrar uma forma de evitar tais prejuízos, tanto para a população em geral quanto para o setor produtivo. É uma proposta para assegurar o futuro” enfatizou Jáder.

A necessidade de utilização de água em diversas etapas da cadeia produtiva vem fazendo com que esta seja considerada um dos principais insumos no setor de mineração, aumentando de maneira exponencial a preocupação com o conhecimento das fontes disponíveis para reposição da água consumida. A água está presente em quase todas as etapas do processo produtivo, desde a etapa de pesquisa mineral – que antecede o estabelecimento de uma mina – seguida pelas etapas de lavra, tratamento do minério até a metalurgia extrativa. No caso de Carajás, o consumo de água no setor mineral, especialmente o utilizado pela mineradora Vale é algo incerto e até tratado em níveis de sigilo industrial.

Em termos comparativos, Minas Gerais, principal produtor mineral do Brasil, enfrenta o racionamento de água e já registra conflitos entre comunidade e produtores minerais. A situação chegou ao atual nível, justamente pela falta de estudos técnicos que pudessem anteceder o problema, analisar o uso, reuso do referido recurso.

No caso de Carajás, a pressão sobre os recursos hídricos é imensa e só aumenta. Conforme escrevi no semestre passado, A mineradora Vale tornou público que no dia 26 de maio do ano corrente recebeu da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (SEMAS), outorga (2813/2017), ou seja, autorização para captar água superficial do rio Parauapebas. Seguindo à lógica da vazão do referido recurso hídrico, foi estipulado dois volumes de captação diária: 48.000m³ no período chuvoso (dezembro a maio) e 552m³ no período de estiagem (junho a novembro). A justificativa do pedido é para o uso humano e industrial.

De fato, a autorização concedida pela Sema a mineradora Vale soa como algo preocupante. Ainda mais se tratando de um rio que já vive em estado crítico em sua vazão nos meses de estiagem. Com a liberação de uso (neste caso retirada) de água do rio, aumentará a pressão sob o referido recurso, colocando-o em situação preocupante em relação à sua disponibilidade de água. Portanto, o uso de água pela mineração é ainda uma grande polêmica. A cada ano o rio Parauapebas só aumenta a sua incerteza futura. Até quando?

Imagem: Jorge Clésio. 

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