ORM em afago com os Barbalho

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Em outubro de 2017, as Organizações Romulo Maiorana sofreram uma surpreendente reviravolta. A disputa entre os seis irmãos pelo comando da empresa transpôs os muros e tornou-se pública. Ronaldo e Rosângela destituíram do comando central o irmão Rômulo, seguindo ritos legais (assembleia – ata – registro – ação judicial) tomaram as rédeas da gestão.

Há tempos que havia uma guerra silenciosa dentro da empresa. Os irmãos em um total de seis (com diferentes níveis de participação acionária), já vinham divergindo intermitentemente. A gestão de Rômulo era muito questionada. Primeiro pelo seu perfil, cada vez mais distante do cotidiano da empresa. Gerenciava de longe, dos Estados Unidos, deixando aqui pessoas de sua confiança para executar as suas ordens. Depois a crise financeira com o risco de perder o posto de afiliada da Rede Globo, pela dificuldade em manter as metas da emissora carioca e o nível de satisfatório de operacionalidade. Na época da saída de Rômulo do comando haviam dois questionamentos: a crise poderia levar o grupo à derrocada? Ou, quem sabe, sob novo comando, melhorar a sua imagem e forma de relacionamento social, talvez, menos político, com um jornalismo menos parcial?

Tirando as incertezas, especulações sobre o futuro, os meses seguintes iriam indicar que, pelos perfis de Ronaldo e Rosângela (os irmãos que estão mais à frente no comando) começariam a implementar. Inegavelmente a linha editorial sofreu alterações. Uma nova forma de produção de notícias, de relacionamento ficou evidente a quem acompanha os jornais (televisivos e impressos). A proposta de ambos seria implementar uma política de coexistência pacífica com os Barbalho?

Tudo indica que sim. Primeiro, os ataques a Jader e Helder diminuíram bastante. Não só houve diminuição, como também passaram a noticiar ações positivas dos citados, como entrega de obras e eventos públicos, algo impensado na época que Rômulo comandava. Na semana passada, novamente as ORM deram visibilidade política aos Barbalho (Jader, Helder, Elcione e o primo Priante) que cumpriam agenda federal no Pará.

Nas próximas semanas o ministro Helder Barbalho terá espaço no jornal. Ele, assim como os outros pré-candidatos ao Palácio dos Despachos terão espaço para expor suas ideias, propostas para o Estado. Em outras épocas isso não aconteceria.

Além do espaço aos Barbalho, o novo comando do grupo mudou também a forma de relacionamento e consequentemente produção de notícias do outro lado, ou seja, dos governos do PSDB, neste caso, em suas duas esferas governamentais: estadual e municipal (prefeituras de Belém e Ananindeua). Há críticas mais incisivas aos tucanos. Antes, quando isso acontecia era por conta da renegociação dos contratos de publicidade com o governo do Pará e prefeitura de Belém, o que, neste caso, não parece ser o motivo maior.

A nova presidência das ORM percebeu que o caminho e a estratégia realizada pelo irmão mais velho seria a responsável pela queda de audiência e consequentemente de faturamento. Os jornais impressos vendem cada vez menos (uma tendência geral), mas, neste caso, a diminuição estava muito mais ligada à linha editorial, cada vez mais parcial, a exemplo do jornal adversário, o Diário do Pará (que é o mais vendido e que mantém satisfatório volume de vendagem por conta do preço, bem abaixo do valor cobrado pelo O Liberal). O grupo RBA (Rede Brasil Amazônia) de comunicação, controlado pelos Barbalho continua a criticar ferozmente os governos tucanos, independente da mudança dos Maiorana. 

As ORM estão em nova fase, que incluí mudanças em seu perfil editorial e político. Os novos gestores querem encerrar, ou, pelo menos, diminuir o clima de guerra com os principais adversários. A mudança incluiria a diminuição do “padrão Globo” mais elitizado e faria com que a afiliada global no Pará possa se torna mais popular. De certo que a guerra parece ter cessado. Melhor para Helder, pior para o PSDB.

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