Simão Jatene repete a mesma tática eleitoral de 2014

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Quem acompanha atentamente o atual processo eleitoral de disputa pelo governo do Pará, poderá ser, talvez, induzido ao erro ou a interpretações que possam fugir da realidade. Uma narrativa muito utilizada é a vitória de Helder Barbalho. Os mais empolgados apontam que o candidato do MDB poderá vencer em primeiro turno, algo que nunca aconteceu na disputa pelo Palácio dos Despachos. Outra narrativa é que os tucanos que apoiam o candidato Márcio Miranda estariam “jogando a toalha”, desistido da disputa, tamanha – segundo alguns – a supremacia barbalhista.

A questão é que, a atual disputa parece repetir o enredo de 2014. Há quatro anos, Helder disputava pela primeira vez o governo do Pará. O PSDB estava no poder havia 16 anos, com o então governador Simão Jatene disputando à reeleição, buscando à época, ser o único a governar o Pará por três vezes. Na ocasião, Helder liderou quase todas as pesquisas. Existia um certo frisson de que a dinastia tucana poderia ser encerrada naquele momento. A campanha do PSDB e aliados parecia transcorrer em “ponto morto”, tamanha era a letargia que se apresentava a campanha tucana em alguns momentos.

O resultado no primeiro turno foi apertado, com Helder vencendo o “primeiro round”. A confiança do MDB e seus apoiadores só aumentou. Vencer uma poderosa máquina estadual, com o governador disputando à reeleição, é uma missão difícil, sobretudo, no Pará, pelo perfil fisiologico da maioria do eleitorado. Os mais empolgados apontavam que Helder seria o próximo governador, e que não haveria possibilidade de virada por parte dos tucanos, haja vista, que perderam o primeiro turno. Viradas não são comuns na história eleitoral paraense.

A questão é que o segundo turno é uma nova eleição. Zera-se tudo. Inicia uma nova campanha, uma nova organização e planejamento. No marketing se mantém a base (peças publicitárias e marcas da campanha e do candidato), e se incluí novas estratégias publicitárias.

Simão Jatene e seu grupo repetem a mesma estratégia. Não há a massificação ou grandes investimentos na campanha de Márcio Miranda (o que já alimenta teorias conspiratórias de que o atual governador não estaria dedicado a vitória do seu indicado, haja vista, que ainda poderia voltar em 2022 ou indicar outra pessoa). Não acredito nesta questão. O que se percebe é que o clã tucano trabalha desde o primeiro dia com a possibilidade do segundo turno (o que sempre aconteceu nas disputas pelo governo do Pará desde 1990). Portanto, assim como em 2014, estão guardando as suas “fichas” para serem usadas mais à frente.

A questão é que o cenário político é outro. Simão Jatene vive o seu pior momento no que diz respeito a sua imagem e avaliação de seu governo. A sua atual gestão foi a pior dentro da dinastia tucana (tendo como base o nivel de investimento, historicamente o mais baixo), portanto, há o clamor por mudanças. O eleitor percebe em Márcio Miranda a possibilidade de alterar a forma como o Estado está operando? Como fazer um discurso de mudança com o mesmo grupo político?

Outro ponto desfavorável ao governador e ao seu grupo é a estratégia que Helder Barbalho está utilizando. Conforme escrito recentemente neste blog (Leia aqui) o mdebista fincou a sua base de campanha na Região Metropolitana de Belém (RMB), a maior lição da derrota de quatro anos atrás. Portanto, o então reduto tucano está sendo atacado, buscando claramente diminuir a rejeição e a diferença em caso de derrota, a exemplo de 2014. Contra a estratégia de Jatene, pesa as péssimas gestões que o partido realiza nas prefeituras de Ananindeua e Belém, os dois maiores colégios eleitorais do estado.

A tática político-eleitoral de 2014 foi vitoriosa. E pelo visto está sendo repetida nesta eleição. Funcionará? O seu “modus operandi” é de alto risco. Aguardemos.

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