Novamente se faz necessário um ponto de reflexão sobre a atual realidade da política brasileira, sobretudo aquela produzida em Brasília, e que tem como ponto de propagação o Palácio do Planalto. E por que trato disso? Pelo simples fato de que hoje, infelizmente, a desinformação impera, e ela está se tornando política de governo.
Desde o início desta gestão que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) vem questionando os dados e informações de instituições públicas e privadas. Muitas destas – de perfil institucional – que produzem há décadas dados, que aliás, são reconhecidos internacionalmente, como no caso do Instituto Espacial de Pesquisas Espaciais (INPE), que teve recentemente seus números sobre o aumento do desmatamento na Amazônia, questionados publicamente pelo próprio Presidente da República.
O fato gerou um amplo debate sobre a produção de informações e dados. Como já dito, o governo possui diversas áreas internas, dentre elas, a ideológica, que tem como objetivo combater ideologia com mais ideologia. Compõe esse grupo – além do presidente – os ministros de Comércio Exterior, Ernesto de Araújo e Ricardo Salles, este que responde pela pasta do Meio Ambiente. Cito esses dois (porque há mais nomes), porque ambos estão relacionados diretamente ao objetivo deste artigo, que trata de informações mais ligadas aos ministérios citados. Os gestores citados não aceitam dados e informações que estão ou foram produzidas por instituições que os mesmos estão à frente. Há, claramente uma esquizofrenia institucional em curso, e ela é proposital, tendo, portanto, método.
A produção de desinformação vem se intensificando e não é de hoje. A expansão das redes sociais pode ser considerado um dos principais motivos; seara esta em que se produz informação à esmo, sem critérios e que se resume a atender interesses. Desconstroem teses, análises, nomes, trabalhos. A desinformação é algo que se propaga em grande velocidade no Brasil. Agora tornou-se uma política de governo, mais um “modus operandi” do Bolsonarismo, que através dele buscar governar e implementar “verdades”.
As famigeradas eleições de 2018 nos mostraram, nesse sentido, que o poder da desinformação se faz muito maior do que o da informação no Brasil atual. Situações absurdas e surreais ocorridas nas campanhas de muitos partidos e políticos eleitos servirão como farto material de pesquisa para quem, na seara acadêmica ou não, quiser comprovar.
E, assim, caminhamos para um obscuro caminho da produção de falsas verdades, que podem ser “novas” verdades. E pior: tornou-se política de governo. A História nos mostra que esse processo não é novo, e assim sendo, sempre terminou da pior forma possível.