Faltando ainda 18 meses para as eleições, no caso do Pará, a disputa pelo Palácio dos Despachos já começou a esquentar. Tudo claro, nos bastidores, no campo especulativo. Vários ensaios são feitos, palavras são ditas, apertos de mãos feitos e outros desfeitos. Esse é o enredo e assim será por todo o ano corrente. Política carrega consigo o fator surpresa, assim como também a lógica e a previsibilidade.
Nos enredos de corredor, o leque de opções se ampliam. Vai de um ponto cardial a outro, sem escala. A mais nova notícia do processo de disputa pelo governo do Pará, está um possível acordão para unificar os interesses políticos do PSDB e PMDB no Pará, hoje inimigos. Segundo fontes e o que já se tornou público, divulgado primeiramente lá pelos lados de Santarém, oeste do Pará, seria a união eleitoral, buscando contemplar os interesses dos dois maiores grupos políticos paraenses.
Conforme anunciei, Simão Jatene, deverá se descompatibilizar do cargo de chefe do Executivo em abril de 2018, seis meses antes da disputa eleitoral, conforme manda a lei. O mandatário da política paraense não esconde o seu desejo de se “agasalhar” em Brasília por oito anos como senador da república. Para isso, e antes da referida especulação de união entre inimigos, Jatene teria que escolher o seu sucessor em uma ampla lista que inclui nomes de fora do ninho tucano.
Em Brasília, mais precisamente no Palácio do Planalto, entre um compromisso público e outro, Michel Temer já iniciou conversas sobre a disputa eleitoral nos estados. O presidente deixa claro aos seus interlocutores que pretende unificar os interesses políticos de tucanos e peemedebistas na maior quantidade de entes federativos, incluindo o Pará. Ele sabe, por exemplo, que o seu ministro da Integração, Helder Barbalho, tem como objetivo maior na política ser o governador do Pará, seguindo o exemplo de seu pai, Jader.
Temer sabe também que a disputa política no segundo maior ente federativo em aérea territorial do Brasil, será muito acirrada e isso deverá deixar cicatrizes e atrapalhar, por exemplo, o processo eleitoral em âmbito presidencial. A lógica do presidente é afirmar que o PSDB vem ganhando cada vez mais espaço em seu governo e que isso deve ser levado em consideração nas questões estaduais.
No acordão seriam candidatos ao Senado: Jáder Barbalho e Simão Jatene. Com isso, Helder seria ungido ao governo do Pará com o apoio dos tucanos. No “andar de baixo”, Flexa Ribeiro, hoje senador, disputaria uma das 17 vagas à Câmara Federal. Essa costura pode acontece? Perfeitamente. Como pode ser também um grande balão de ensaio, os já costumeiros soltos nos meses que antecedem uma grande disputa eleitoral.
Em 2010, por exemplo, havia um pré-acordo entre o PSDB e PMDB. Na ocasião, os tucanos ofereceram aos Barbalhos que apoiassem a candidatura de Jatene em troca do apoio investido em 2014. Como Jatene sempre se colocou contra à reeleição, a proposta era vista com certa credibilidade. O resultado se conhece… Simão se reelegeu, perdendo no primeiro turno e vencendo apertado no segundo Helder Barbalho.
Portanto, o jogo será interessante, como em um tabuleiro de xadrez. Jogadas serão feitas, refeitas e até canceladas. Janete é um estrategista nato, sabe mexer as peças. Será ele de um lado e do outro tem uma “raposa” da política: Jader Barbalho. Quem dará xeque-mate?