A escolhida de Helder?

Na semana passada, foi lançado o projeto “Asfalto Por Todo o Pará”, pelo governador Helder Barbalho, no distrito de Icoaraci e nos bairros do Guamá e Terra Firme, em Belém. Sabe-se que tal política pública tem grande efeito eleitoral em ano de eleição. Até ai tudo bem, o mandatário estadual não está fazendo nada errado, segue o modus operandi de nossa classe política em ano de disputa nas ruas. Em uma cidade de alta carência de infraestrutura como Belém, asfalto tornou-se um importante instrumento político.

A presença de Helder não seria nada além do que já estava em sua agenda, mas algo chamou a atenção: a presença ao seu lado (com objetivo claro de garantir destaque) a secretária de Cultura, Úrsula Vidal. Qual justificativa teria a auxiliar direta do governador em prestigiar um programa que não se enquadra dentro de sua competência gerencial? A resposta é simples: Helder quer fixar a imagem de Úrsula entre os eleitores belenenses.

Há um ano, este Blog começou a tratar da disputa eleitoral pelo Palácio Antônio Lemos. De partida, afirmamos que o governador teria três nomes dentro de seu governo para ir “trabalhando” até a eleição (isso antes de qualquer mudança drástica de cenário, neste caso a pandemia). A questão ao mandatário estadual é evitar que o PSDB e aliados continuassem no controle da Prefeitura de Belém, por isso, no primeiro turno, Barbalho poderia ter até três candidaturas de seu agrado, se eximido do apoio velado a nenhum. A poderosa máquina estadual só entraria para valer no segundo turno. O Blog afirmou também que, em análise de perfil – tendo como componente principal a confiança – o governador teria preferência por seu vice, Lúcio Vale. Isso antes da operação Polícia Federal, que o investiga por supostos malfeitos com recursos públicos. Tal denúncia foi um duro golpe nas pretensões eleitorais do governador.

Vidal – como já dito neste espaço – teria a simpatia do chefe do Executivo estadual, não sendo a melhor opção, mas, talvez, dependo as circunstâncias, a mais viável eleitoralmente. Assim sendo, para o momento, Helder começa a dar (como fez como Vale por um tempo) certo protagonismo a Úrsula. Ela se filiou ao Podemos, partido muito próximo do MDB. Desde quando se lançou na política, seu nome sempre esteve bem posicionado em pesquisas.

Seu teste nas urnas aconteceu em 2016, quando disputou a prefeitura de Belém, pela Rede, chegando em 4º lugar, com 79,968 votos (10,29%) dos votos válidos. Votação que surpreendeu pela estrutura dispensada de seu partido em comparação aos outros adversários. Conseguiu nas disputas eleitorais sair do reduto acadêmico, mais elitizado, para simpatizar com os eleitores de outras camadas sociais. As ideias e propostas de Vidal foram bem aceitas, além de sua ótima comunicação e oratória. Seu índice de rejeição é baixo, apesar de ter crescido a cada disputa (o que é natural pela exposição e escolhas e cenários).

Não há dúvida, caso seja escolhida pelo governador, é uma forte candidata. Pelo alto índice de rejeição do prefeito Zenaldo Coutinho, que deverá ser transferida ao candidato que escolher, a eleição de 2020 ao Palácio Antônio Lemos, parece ser a mais fácil para os adversários dos tucanos. Ainda tem o ex-prefeito e deputado federal Edmilson Rodrigues, que receberá – algo que não acontecia nas últimas eleições municipais – o apoio do PT na capital. Mas esse assunto será o tema da próxima publicação.

Ao governador parece não ter restado outro nome que não seja o de Úrsula Vidal. A Helder Barbalho (já de olho em sua reeleição, em 2022) o Palácio Antônio Lemos é prioridade.

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