A ingovernável Seduc, faz mais uma vítima

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Na manhã desta terça-feira, 04, Leila Freire tornou público a sua saída da Secretaria Estadual de Educação (Seduc). A agora ex-secretária divulgou um balanço de sua gestão de pouco mais de um ano à frente da citada pasta, e fez questão de deixar claro para a sociedade que a educação estadual melhorou – especialmente em infraestrutura – no governo atual, o que, de fato, é verdade. 

A saída de Freire levanta uma outra questão – muito mais complexa e ampla – o gerenciamento da Seduc. Desde 2015 o assunto é tratado já foi tratado por diversas vezes por este Blog. O governo da ex-petista Ana Júlia (2007-2010) teve em quatro anos, cinco trocas na Secretaria de Educação. Desde 2007 até agora (contando com a exoneração de hoje) já ocorreram 10 trocas de comando na Seduc. Portanto é, de longe, a secretaria estadual mais instável, a que há o maior quantitativo de mudança de gestores. E todas essas trocas ocorreram justamente por algo que se mantém no decorrer desses 13 anos: o formato de gerenciamento educacional ultrapassado. Em outro artigo afirmei que a Seduc tornou-se um instrumento de derrubada de reputações e pretensões políticas de quem a assume. E, pelo visto, estou certo.

A verdade é que Leila Freire já estava há tempo insatisfeita. A situação ficou mais séria quando ocorreram trocas no comando da Seduc, sem a autorização ou consentimento dela. Tal insatisfação chegou ao gabinete do governador. O que se fala nos corredores palacianos é que a sua saída está ligada à insatisfação do mandatário estadual com o ritmo da secretaria, tido como moroso. Por outro lado, a intensidade – assunto já trabalhado por este Blog – que Helder imprime à sua rotina diária, deixa os seus secretários em alerta o tempo todo. E isso, talvez, Freire não tenha conseguido acompanhar, apesar de ter sido secretária municipal de Educação de Ananindeua, quando Helder foi prefeito.

Em publicação no Diário Oficial, o chefe de Casa Civil, o apagado Parsifal Pontes, assumiu de forma interina a pasta da Educação, até que um nome seja escolhido para assumir a ingovernável Seduc. Os avanços na área ocorreram nesse primeiro ano de governo, mas parece que o governador quer mais, tem como objetivo mais intenso, por isso a troca, eufemisticamente publicada como pedido de saída de Freire.

Em 13 anos, dez secretários caíram. Esse quantitativo é alto, e demonstra que há algo além da competência individual de cada um que ali passou. Como dito, é a comprovação que se faz necessário uma mudança fundamental no modelo de gestão e algo imprescindível: blindagem contra a politicagem, que sempre pressionou aos que assumiram a Seduc.

Helder manterá o perfil de nomeação técnica, procedimento que foi a marca do início de sua gestão? Ou irá nomear o próximo gestor da Seduc por indicações políticas? A uma pasta que tem como sina derrubar os seus gerenciadores, por manter um modelo de gestão ultrapassado, resta-nos desejar boa sorte ao futuro secretário de educação.

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