A ponte e o Governo

Na madrugada do dia 06 de abril de 2019, novamente (a exemplo do ocorrido em março de 2014), parte de uma das pontes que compõe o Complexo de Integração da PA-150 com a capital do Estado, chamada Alça Viária, inaugurada em setembro de 2002, e que liga a Região Metropolitana de Belém as regiões sul e sudeste do Pará, desabou. Em 2019, repetidamente parte da estrutura veio abaixo após a colisão com outra embarcação, assim como a primeira, em trânsito irregular. 

O pesadelo da interrupção rodoviária voltava à realidade dos transeuntes que precisam ir ou voltar da capital. E como já dito por este blog, desta vez, o problema era maior. No sinistro de 2014, foi atingido um pilar, ficando suspenso dois vãos. No mais recente, a situação era muito pior. Foram três vãos derrubados, a área atingida era – pelo menos – três vezes mais extensa do que em 2014; justamente porque a embarcação atingiu o pilar central da ponte. Na ocasião anterior, o sinistro ocorreu em março de 2014 e a ponte foi reentregue dias antes do natal de 2015, quase dois anos depois. Portanto, pela complexidade do fato, esperava-se que a reconstrução do segundo caso demoraria o mesmo tempo ou até mais. 

O governo propôs mudanças a futura obra, passando a ser chamada de “Ponte União”, e que consiste em ter o sistema de estais – cabos de aço de sustentação – que reduzem o número de pilares e viabiliza a formação de distâncias maiores entre eles, o que facilita a navegação. Segundo a Setran, em matéria divulgada pela Agência Pará, o recurso é bastante empregado, por exemplo, no cruzamento de rios ou canais que necessitem de espaço para passagem de embarcações, como é o caso da região da Alça Viária, que tem agora dois vãos de 134 metros cada.

A obra foi posta como prioridade no governo. Segundo a Secom, mesmo com a complexidade do projeto, a Ponte União foi entregue em tempo recorde; foram nove meses de trabalhos e sete meses de obras e nenhum acidente registrado. A construção do trecho de 268 metros da ponte gerou 550 empregos diretos e 450 indiretos. No canteiro de obras, os profissionais trabalharam em três turnos para garantir celeridade na entrega da ponte, extremamente importante para a economia paraense. 

A reconstrução do trecho afetado custou 104 milhões de reais, e foi todo bancado pela empresa responsável pela embarcação que se chocou com a ponte, portanto, sem ônus aos cofres públicos. 

A Ponte União tornou-se a representação na prática do perfil do governo, ou melhor, do governador. A postura de Helder Barbalho à frente do Executivo paraense impressiona pela dinâmica imposta por ele aos auxiliares mais diretos, criando, dessa forma uma ressonância que se espalha por diversos outros escalões da máquina estadual. O caso da ponte é mais um exemplo. Eleito sob o mote de “Governo Presente”, o atual mandatário da política paraense imprime intensa agenda por todo território paraense. Desde de o ano passado, busca descentralizar a máquina que dirige.

Os dois sinistros ocorridos (2014 e 2019) servem a priori e guardadas as devidas proporções, como parâmetros comprativos entre governos. E mostram na prática a postura e agilidade de quem governa. E essa diferença comparativa está analisada no artigo: “Duas tragédias, dois governos. A diferença está na resolução” (clique para ler), produzido três dias depois da tragédia mais recente. 

Henrique Branco

Formado em Geografia, professor das redes de ensino particular e pública de Parauapebas, pós-graduado em Geografia da Amazônia e Assessoria de Comunicação. Autor de artigos e colunas em diversos jornais e sites.

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