Ontem, 13, mais um ministro de Estado foi demitido. O general Carlos Alberto dos Santos Cruz, não compõe mais a equipe do presidente Jair Bolsonaro. O agora ex-ministro já vinha passando por grande desgaste nos últimos dois meses, sobretudo quando travou ampla disputa com o filósofo, Olavo de Carvalho. Cruz também tinha uma relação nada amistosa com Carlos, filho do presidente.
A jornalista Vera Magalhães, tratou do tema: “A queda do general Santos Cruz fortalece a ala ideológica, ou anti-establishment, como gosta de se denominar. No início de maio, esse grupo fez uma investida aberta para derrubar o ministro, capitaneada pelo ideólogo da Virgínia, mas foi derrotada pela defesa também enfática de Santos Cruz feita pelos demais militares com postos-chaves no governo. Mas a fritura do ministro foi mantida em banho-maria, longe dos holofotes da imprensa e das redes sociais, e alimentada a partir de dentro do Palácio do Planalto, onde pontificam alguns dos líderes da ala anti-establishment.”
A saída de Santos Cruz teve o enredo parecido com o caso do ex-ministro Gustavo Bebianno, que ao se desentender com o “02”, também foi exonerado pelo presidente. Voltando à questão da análise de Magalhães, a questão é exatamente o que este blog trata desde o início da gestão, e que está cristalizada em diversos artigos sobre o tema: a supremacia da ala ideológica do governo, do Estado beligerante, do inimigo permanente (dentro e fora do governo).
Na atual gestão, a Secretaria de Governo ficou responsável pela Comunicação, e por ela passam os contratos vinculados à publicidade e marketing. Esse era um dos pontos de discórdia, em especial com Carlos, que criticava publicamente a forma de como era conduzida a comunicação do governo. No início do ano, a Secretaria de Governo acumulou também a articulação política no Congresso, tirando tal função da Casa Civil. Na prática tal decisão mostrou-se um erro, pois não se sabia quem articulava, e era sabido que Cruz tinha um perfil pouco conciliador no trato com os parlamentares.
A pasta faz parte do campo militar no governo, e para evitar atritos com os militares, Bolsonaro nomeou outro general para o cargo. Ele atende pelo nome de Luiz Eduardo Ramos, comandante militar do Sudeste. Carioca, Ramos liderou a parte militar da missão da ONU no Haiti.
Cruz foi o segundo ministro demitido após confronto com Carlos, o que chamo de Rei. A ala ideológica segue como o grupo mais importante do governo, e segue colocada ao presidente, que a tem como o seu suporte. E tudo que essa ala faz está sob anuência de Jair Bolsonaro.