A Vale cada vez mais “agressiva”

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No fim do mês de abril, o mercado financeiro foi comunicado que a Vale definiu o seu novo diretor-presidente. O escolhido foi Fábio Schvartsman, então CEO da Klabin. Diferente dos processos anteriores, a escolha foi definida através de um longo e detalhado processo de seleção, conforme anunciado pela própria mineradora. A Vale decidiu contratar empresa internacional de seleção de executivos, a famosa Spencer Stuart, para ajudar no processo de escolha de seu novo mandatário.

Na época, a revista Forbes colocou Schvartsman na lista dos 34 melhores executivos do Brasil de 2016. A missão maior do novo presidente era promover a restruturação da Vale. No processo estava definido a nova divisão societária da mineradora; promoção de ações internas que visassem à diversificação produtiva (diversificação do portfólio); corte no custeio, despesas e aumento da produção.

Em janeiro de 2018, a Vale divulgará o seu quarto balanço trimestral (4T17), juntamente com o seu balanço anual, com o esperado – menor em comparação aos anos anteriores – novo recorde de produção. O S11D será o responsável pelo aumento de produção no geral, mesmo com o aumento do nível de estocagem na extração na Serra Norte, em Carajás. Normalmente em seu último quarto de ano, a produção é reduzida justamente por conta do inverno amazônico, implicando na redução no ritmo de extração.

A presidência da Vale tem como objetivo maior a redução do endividamento da companhia que chegou a 22 bilhões de dólares. Com as medidas já realizadas, desde maio, estimasse que o nível de endividamento feche o ano corrente entre 17 ou 18 bilhões de dólares, ainda acima do pretendido: US$ 15 bilhões. Mas a redução do endividamento continuará a ser a principal meta da mineradora. O objetivo para fechar 2018 será de 10 bilhões de “verdinhas americanas”.

A empresa afirmou ainda que a geração de fluxo de caixa livre será forte o suficiente para aumentar a distribuição de dividendos, além de reduzir a dívida. Com grandes projetos como o de minério de ferro S11D em fase final de investimentos, a Vale projeta menores aportes para os próximos anos. A sua projeção de investimentos é de 3,5 bilhões a 4 bilhões de dólares em 2018 e de 3,2 bilhões a 3,7 bilhões em 2019. Portanto, a tendência é seguir trajetória de queda.

Por incrível que possa parecer, no atual cenário, a Vale teme que a cotação do preço do minério de ferro suba no mercado internacional, justamente porque, com o preço alto, empresas mineradoras menores voltam ao mercado, criando maior concorrência. Quando o preço caiu, as mineradoras menores perderam sua viabilidade econômica, tornando anticomercial a exploração de suas jazidas, deixando só as maiores operando no mercado internacional, entre elas a Vale.

Para evitar essa tendência a Vale pretende despejar um volume ainda maior de minério, fazendo os preços se estabilizarem em baixa. Para isso, conta com as jazidas de alto teor de Carajás, que lhe permite incrementar a produção pela mistura do minério mais rico com o menos rico (não há minério pobre em exploração), segundo o jornalista Lúcio Flávio Pinto apontou em seu blog. Assim, a produção no próximo ano chegará ao recorde, de 390 milhões de toneladas, permanecendo em 400 milhões pelos quatro anos seguintes. Quem resistirá à ofensiva da Vale?

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