O Blog volta ao tema do desastre em Brumadinho, Minas Gerais, relacionando o ocorrido com os impactos aos pretensiosos projetos da mineradora Vale nas regiões Sul e Sudeste do Pará. Analisando documentos e matérias sobre o assunto, o blog encontrou algumas referências ditas por gerentes executivos da mineradora sobre o assunto.
Por ocasião da apresentação do terceiro e até agora último balanço trimestral de 2018, no fim de novembro, a Vale tornou público as suas pretensões para 2019 no Pará. Os novos projetos da Vale deveriam (isso mesmo no Indicativo do Futuro do Pretérito, por conta das circunstâncias atuais) gerar investimentos de mais de R$ 6,4 bilhões, com a possibilidade de criação de até seis mil postos de empregos temporários no pico das obras, o que deveria ocorrer em 2020. A novidade é o Projeto Gelado, em Parauapebas (Carajás), orçado em US$ 428 milhões, com duração de até dois anos e expectativa era de contratação de 1,5 mil temporários.
Na prática, a Vale irá retirar minérios da barragem de rejeitos para poder processar e transformar em produto, substituindo uma parcela que hoje é processada diretamente da mina com caminhões. “Isso rende um benefício ambiental importante, que é a recuperação e retirada de rejeitos da barragem, porque evita a necessidade de novas barragens e loteamentos”, explicou Carlos Miana, um dos executivos da empresa.
Dois outros projetos em Parauapebas, com investimentos previstos em US$ 184,5 milhões, demandarão cerca de mil trabalhadores e consistem na montagem de equipamentos e estruturas na linha de produção do minério nas áreas de britagem e implantação de correias transportadoras.Já em Marabá, a Vale expande sua capacidade de beneficiamento de cobre na unidade de Salobo com o projeto Salobo III. Com investimentos de US$ 1,1 bilhão, engloba um terceiro concentrador e utilizará a infraestrutura já existente, sem necessidade de nova barragem. As obras devem durar três anos e render até 3,2 mil contratações.
Em Curionópolis, na prática, haverá a ampliação da cava, que está em licenciamento e depende de aprovação do conselho da própria empresa. A expansão dará à Serra Leste a capacidade de produzir até dez milhões de toneladas de ferro por ano. A previsão é de que 1,3 mil vagas sejam geradas na fase de construção.
O principal benefício de toda essa movimentação, que deve gerar um efeito cascata positivo em toda a economia do Estado, é mesmo a criação de mais postos de emprego. “Além disso, haverá a contratação de serviços e insumos locais, estamos incentivando a articulação entre empresas e associações comerciais para maximizar esse efeito.
Isso tudo estava planejado antes da tragédia. Agora, com R$ 11 bilhões bloqueados e com um volume de recursos que deverão ser disponibilizados para custear ações e outras determinações judiciais, o caixa da mineradora deverá ficar em níveis preocupantes, o que determina de imediato o corte de novos empreendimentos e expansões. Então, cabe ao Pará, esquecer o que havia sido planejado para o Sul e Sudeste de seu continental território.