A vitória político-eleitoral do cárcere

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Na última sexta-feira (31), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitou a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República. Portanto, Lula está inelegível pela Lei da Ficha Limpa, por ter sido condenado em segunda instância por órgão colegiado. Cabe ainda recurso da defesa do petista ao próprio TSE e ao Supremo Tribunal Federal (STF), o que deverá ser feito nos próximos dias por sua defesa. A definição foi numericamente decidida por 6×1 pela inelegibilidade.

A decisão teria ainda alguns dias para ter o seu veredito. A lei eleitoral fixa como data limite o dia 17 de setembro. Mas o TSE resolveu adiantar a decisão (mesmo com inúmeros questionamentos feitos pela defesa, o que aumenta o tempo em analisá-las; além dos 16 pedidos de impugnações, o que prolonga ainda mais o veredito). Se a inelegibilidade de Lula fosse declarada mais à frente, a lei permitiria que ele aparecesse no horário eleitoral na condição de candidato, sem restrições, o que eleitoralmente ao PT seria mais interessante.

O Partido dos Trabalhadores deverá recorrer para esticar ao máximo a corda. Terá por determinação do TSE, até dez dias para substituir o ex-presidente. O Partido dos Trabalhadores esperava por todas essas decisões desfavoráveis a legenda. Desde a sentença do juiz Sérgio Moro; a validação da decisão do referido magistrado de primeira instância com ampliação da sentença pelo TRF-4 e consequentemente a prisão na Polícia Federal de Curitiba. O PT montou a sua estratégia de resistência, que agora entrará em sua segunda fase: a saída de oficialmente de Lula e a entrada como cabeça de chapa de Fernando Haddad, tendo como  vice a comunista Manuela Dávila.

Independente do resultado das urnas, goste ou não, Lula já é o maior vencedor desta eleição. Preso há quase cinco meses, o petista mantém a lideranças em todas as pesquisas e com a vitória ainda em primeiro turno em algumas delas. Seu eleitorado não diminuiu em seu tempo de cárcere, pelo contrário, aumentou. Rompeu a barreira dos 40% das intenções de votos. Sua estratégia política até o momento vem dando certo. Após a sentença determinando a sua prisão, Lula se aquartelou no sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo, entregou-se depois. Aproveitou as 48 horas no recinto para fazer política, gravar vídeos, discursar, definir estratégias.

Preso, manteve a hegemonia política de seu partido. Isolou Ciro Gomes, não permitindo ao ex-governador cearense qualquer crescimento ou que pudesse herdar o seu voto, se apresentar como o seu candidato. Manteve ao máximo a indefinição de seu substituto. Costurou acordo com PCdoB, em que a candidata presidencial da legenda, Manuela Dávila, será declarada a vice na chapa quando Haddad assumir o comando de candidatura. Em São Bernardo do Campo, Lula teve tempo de pensar em tudo. Jogar o jogo com as cartas que tem.

De uma cela de 15 m², Lula emite recados, cartas, posicionamentos ao Brasil. Fez o mundo perceber que a sua prisão é política. Foi determinada para tirá-lo da eleição. Fez a imprensa e Judiciário o colocarem como um mártir, o que lhe fortalece eleitoralmente. Tudo foi estrategicamente pensado no campo político por Lula. O ex-presidente sabia que seria derrotado no campo jurídico em todas as suas etapas e processos. Portanto, levou a disputa dos tribunas para as ruas e levou a política para dentro do Judiciário, já politizado.

De resto, caberá ao marketing da campanha petista explorar ao máximo a prisão de Lula, a sua inlegibilidade, questão questionada até pelas Nações Unidas, e pela comunidade internacional. Colar junto ao eleitorado que Haddad é Lula e Lula é Haddad. O ex-prefeito de São Paulo pode nem ir ao segundo turno, ou caso vá e perca, mesmo assim, Lula já é o maior vencedor das eleições de 2018. A sua força estará sendo medida nas urnas. E se Haddad vencer? Será a vitória histórica do cárcere.

 

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