Ananindeua, o segundo maior município do Pará, tem vivenciado uma gestão que aparenta ser promissora, mas que, na realidade, enfrenta severas críticas e questionamentos. Desde as eleições de 2020, o município se transformou em um verdadeiro “canteiro de obras”, com asfaltamento de ruas, reformas em praças e unidades básicas de saúde (UBSs), além de uma forte presença nas redes sociais, promovendo a imagem de uma administração eficiente e inovadora. Porém, os problemas estruturais permanecem, e a maquiagem de obras não é suficiente para mascarar a insatisfação da população.
Um dos pontos mais alarmantes dessa gestão é o acúmulo de dívidas, enquanto os vereadores de base permanecem em silêncio. Muitos desses parlamentares, há décadas ocupando seus cargos, têm falhado em realizar a fiscalização necessária, criando um cenário de complacência política. Essa ausência de oposição ativa compromete o equilíbrio democrático e deixa a administração municipal livre para agir sem prestar contas de forma transparente à população.
Saúde: uma Crise Sem Solução
A saúde em Ananindeua continua sendo um dos maiores desafios. Apesar das reformas em UBSs, muitas unidades carecem de equipes completas e insumos básicos para atender à população. O sonho de um hospital público municipal permanece distante, enquanto mães gestantes enfrentam a dura realidade do fechamento do Hospital Anita Gerosa, que era um ponto de apoio essencial para a saúde das mulheres no município. A falta de investimento efetivo na saúde obriga os moradores a buscar atendimento em Belém ou em municípios vizinhos, um transtorno que expõe a precariedade da gestão municipal.
A Crise do Lixo e o Cotidiano das Moscas
Um reflexo gritante da precariedade administrativa é a má gestão da coleta de lixo. Bairros inteiros sofrem com o atraso ou ausência completa do recolhimento, transformando as ruas em depósitos de resíduos a céu aberto. Essa situação não apenas deteriora o ambiente urbano, mas também aumenta os riscos à saúde pública, com a proliferação de moscas, ratos e outras pragas.
Diariamente, moradores relatam o incômodo causado pelo acúmulo de lixo, que gera mau cheiro, atrai insetos e compromete a qualidade de vida. A população sente-se abandonada, enquanto a gestão insiste em priorizar a estética em vez de enfrentar os problemas fundamentais que afetam o cotidiano.
Marketing Político x Realidade
Nas redes sociais, a administração municipal se apresenta como “imbatível”, exibindo obras e projetos que, embora vistosos, não resolvem os problemas profundos da cidade. Essa disparidade entre a propaganda oficial e a realidade vivida pelos moradores gerou uma desconfiança generalizada na gestão do prefeito, que, mesmo no segundo mandato, não conseguiu entregar as promessas feitas à população.
Uma Guerra Política e o Futuro de Ananindeua
O município encontra-se no centro de uma intensa disputa política, que muitas vezes atrapalha o progresso. O fechamento do Hospital Anita Gerosa, a ausência de coleta de lixo eficiente e outras decisões controversas evidenciam uma gestão que prioriza a imagem pública em detrimento de soluções reais.
Ananindeua precisa de uma administração que vá além da maquiagem. A população exige investimentos em saúde, educação, empregabilidade e infraestrutura de longo prazo. É urgente uma gestão que escute, respeite e atenda às necessidades reais dos cidadãos, colocando o bem-estar coletivo acima dos interesses políticos. A crítica é clara: não basta apenas construir e reformar; é preciso construir para transformar. A história cobrará daqueles que optaram pela omissão enquanto Ananindeua luta por um futuro mais digno.
Por Thiago Araújo – é músico, maestro e líder político com forte atuação em Ananindeua. Fundador da Orquestra Filarmônica Paraense e violista da Orquestra Sinfônica do Teatro da Paz, tem uma trajetória destacada na música erudita. Formado pela maior escola de liderança do Brasil, o RenovaBR. É suplente de vereador.





