Belo Monte poderá mudar os rumos políticos no Pará?

Belo Monte, a maior usina hidroelétrica genuinamente brasileira, talvez, seja o assunto que mais abordei nos últimos cinco anos no blog (neste caso em outro domínio, na plataforma blogspot). Pelos meus cálculos, verificando o histórico de postagens, foram 21 textos sobre o referido tema.

Em 2010, fui convidado para debater sobre a construção do barramento no rio Xingu por um grupo de estudantes universitários do município de Augusto Corrêa, nordeste paraense, distante 210 km de Belém. Na ocasião estive no debate na condição contrária à construção do empreendimento energético. Para fazer o contraponto foi convidado o ex-vice-governador do Pará, Odair Correa. Do evento até 2014, mais de uma dezena e meia de textos sobre Belo Monte afloraram e tomaram forma em meu veículo de informação.

Pois bem, a gigantesca obra que barra em sua volta grande o rio Xingu, o 25º em volume de água do mundo, volta aos noticiários, não mais sobre o avanço técnico e aumento gradativo na geração de energia (até o momento quatro turbinas estão em funcionamento em um total de 24), mas em relação aos recursos e custos de sua construção.

A operação Lava Jato em seu desdobramento, agora no setor elétrico, busca elucidar esquemas milionários de pagamento de propinas (nos mesmos moldes que ocorriam na Petrobras) para vencer o leilão de concessão de operação do colosso empreendimento a 90 quilômetros de Altamira. No centro das investigações estão políticos do PMDB e PT. No lamaçal de corrupção que o Brasil sempre esteve mergulhado (e não só agora como muitos nos fazem pesar), seria pura inocência pensar que um empreendimento que chegou ao custo de R$ 30 bilhões não estivesse entre os casos de desvios de recursos públicos.

Na questão, o Pará poderá ser diretamente afetado no âmbito político-eleitoral. Isso porque o senador Jader Barbalho está entre os investigados. O processo se transformou em inquérito, que tramita no Supremo Tribunal Federal. Há, a priori, o risco mínimo de Jader ser preso, até porque tem foro privilegiado. Mas a possibilidade existe. E se ela ocorrer será um “baque” político muito grande, de proporções ainda por serem calculadas no que diz respeito à disputa pelo governo do Pará, em 2018, e que atinge diretamente o seu filho e herdeiro político: Helder Barbalho.

Helder, que, desde 2014, abdicou do próprio sobrenome para se manter competitivo politicamente e buscando afastar associações ilegais em que seu pai é acusado, parece acompanhar os desdobramentos do caso de Belo Monte com temor. O ministro sabe que a questão poderá “respigar” no próprio e impactar a sua trajetória rumo ao governo do Pará. Esse talvez seja o maior medo que o filho de Jader carregue.

Portanto, a operação Lava Jato, a hidrelétrica de Belo Monte poderá embaralhar ou alterar a disputa eleitoral que se aproxima e que promete fortes emoções. Helder ainda é considerado favorito em condições normais. Mas pelo caminho tem um colosso de cimento chamado Belo Monte…

Henrique Branco

Formado em Geografia, professor das redes de ensino particular e pública de Parauapebas, pós-graduado em Geografia da Amazônia e Assessoria de Comunicação. Autor de artigos e colunas em diversos jornais e sites.

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