Bolsonarismo sem Bolsonaro

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Dez dias após o resultado eleitoral que decretou o retorno do ex-presidente Lula (PT) ao Palácio do Planalto, agora pela terceira vez, diversos fatos precisam ser avaliados. Dentre eles, por exemplo, a permanente postura de reclusão do atual presidente Jair Bolsonaro (PL), que praticamente não faz nada, não tem agenda oficial, o que lhe faz ficar permanentemente – com raras saídas – do Palácio da Alvorada. Não despacha em outro palácio, o do Planalto, onde fica no terceiro andar o gabinete presidencial.

O último presidente que perdeu a eleição e ainda continuou no cargo até o último dia, participando, inclusive, da cerimônia de posse, entregando a faixa ao seu sucessor, foi Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 2002. Bolsonaro deixou claro que não participará do evento.

Um questionamento paira no ar: o que será do Bolsonarismo de agora em diante? O que será do Bolsonarismo sem, por exemplo, Bolsonaro?

O futuro do ainda presidente parece ter sido definido. Sem mandato, pela primeira vez, em pouco mais de três décadas, Bolsonaro acertou que continuará no PL, recebendo uma generosa remuneração mensal, que segundo alguns jornalistas poderá chegar a R$ 150 mil por mês, além de uma mansão alugada pelo partido. O que se fala é que ele deverá continuar a residir em Brasília. Outro ponto muito sensível ao atual mandatário nacional é a sua futura situação jurídica. Sem foro privilegiado, podendo ser alcançado pela Primeira Instância, Bolsonaro deverá responder por diversos crimes que constam no Código Penal, os crimes comuns. Os de Responsabilidade deixarão de existir a partir do primeiro dia do próximo ano.

Bolsonaro nos próximos anos continuará na política, será o regente da extrema-direita, com a possibilidade de concorrer novamente à Presidência, em 2026? Será o líder da oposição ao governo Lula? Jair conseguirá – sem mandato – manter unida a sua base popular de apoio? Ou já está sendo descartado, como se acompanha por ai em alguns casos?

O Bolsonarismo conseguirá existir sem Bolsonaro na ativa? Alguns apoiadores falam que o atual presidente poderá ser um presidente de honra do PL, usando, portanto, a sua influência para fortalecer candidaturas de oposição, sendo, por exemplo, um considerável cabo eleitoral nas eleições municipais de 2024.

Até na derrota a extrema-direita brasileira se assemelha a norte-americana. Lá, mesmo perdendo, Donald Trump manteve a sua base de apoio, meio descolada do próprio partido Republicano. Ele tenta voltar ao poder. Disputar, quem sabe, em 2024, à Casa Branca. O “trumpismo” segue vivo.

Por aqui, fica a questão: o Bolsonarismo continuará a existir como se acompanha hoje com Bolsonaro fora do poder? Ou outro nome – como o do governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) – já começará a ser trabalhado. Em breve saberemos.

Imagem: Veja. 

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