Antes do merecido recesso do blog por conta das férias deste que vos escreve, Michel Temer havia completado um ano à frente do Palácio do Planalto, após o fim do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Pois bem, o peemedebista acompanha a cada pesquisa a sua popularidade cair. Apenas 6% dos brasileiros apoiam a sua gestão. Temer está se tornando (seguindo à lógica de queda contínua de sua popularidade) o presidente mais impopular da história republicana brasileira.
A questão de ser impopular parece não importar muito ao mandatário da nação e nem aos seus mais próximos auxiliares. O próprio Temer já havia afirmado que o seu governo (até dezembro de 2018) seria de transição, ou seja, teria a função de “organizar” o país para uma nova gestão.
A impopularidade de Temer ocorre por diversos fatores: governo tomado e engessado por diversas denúncias de corrupção; tráfico de influência, etc. Além disso, promove mudanças e reformas que são altamente impopulares. Tudo isso sob a égide de ser “golpista”, ou seja, ter tramado a queda de Dilma Rousseff.
A ruptura do regime democrático ainda custa caro. Em menos de três décadas de volta da democracia, via Diretas Já, ocorreram dois impeachments. De 1985 até o ano corrente foram cinco governos, dois não terminaram. Sarney, FHC e Lula concluíram seus mandatos, mas com uma dezena de pedidos de impedimento, barrados no Congresso Nacional em troca de “favores”. Esse é o presidencialismo capenga que mantemos aparentemente forte, sólido. Um regime presidencialista que se mantém intermitentemente por acordos, às vezes nada republicanos, que se propaga pelo chavão político: “presidencialismo de coalização”.
Temer está na eminência de sofrer impeachment. Para que isso não ocorra está fazendo de tudo para agradar deputados que amanhã (02) irão decidir o seu futuro. Emendas, cargos, favores, tudo para que o processo de impedimento não seja instaurado. Tudo isso ocorrendo de forma tranquila, acompanhado pela sociedade como se fosse normal, necessário, um procedimento corriqueiro que faz parte do jogo político. Conforme escrevi meses passados, o Brasil está dominado por uma postura hipócrita generalizada. Pouca lucidez, senso de justiça. Tudo que era repudiado, agora pode. Tudo que se fazia indignar, agora é normal. As práticas combatidas de antes, agora são necessárias. As panelas continuam guardadas e as ruas vazias e o país afundando.
Impostos sobem, programas sociais são diminuídos, o Estado social desidrata rapidamente, os mecanismos de controle e de combate à corrupção são sufocados. O desemprego se mantém em patamares agonizantes, a economia estagnada e por aí vai. Parabéns aos promotores e apoiadores desta fase de nossa história. Um país de patos.