Câmara de Vereadores de Parauapebas é coautora do caos

Quem assistiu a última sessão da Câmara Municipal (22) teve a impressão (pelo menos os menos atentos) que aquela Casa de Leis não teria responsabilidade com os desmandos que vem acontecendo na política parauapebense. Se alguém, por acaso, desembarcasse na “capital do minério” no dia anterior da referida sessão e se dirigisse no dia seguinte para acompanhar, por exemplo, a atuação parlamentar, ficaria deslumbrado, tamanha era a determinação e eloquência dos parlamentares em relação ao nível de crítica contra a gestão municipal.

Poderia se pensar que os nossos nobres edis estavam na condição de grandes combatentes da corrupção e guardiões da moralidade pública. Mas como diz o jargão juvenil: “só que não”.

Na atual legislatura, 25 pessoas sentaram nas cadeiras reservadas aos vereadores. Foram 15 eleitos e com os diversos casos de intervenção da Justiça, 10 suplentes assumiram mandatos. Em quatro anos, Parauapebas teve (até o momento) 25 vereadores. Como construir ações parlamentares neste processo de “dança das cadeiras”?

Justiça seja feita, nem todos os 25 parlamentares podem ser responsabilizados pelo caos que a “capital do minério” vive. Do montante de edis apresentados, pelo menos dois, foram do início até o fim oposição ao governo Valmir Mariano: Antônio Massud (PTB) e Eliene Soares (PMDB). O primeiro passou poucos meses na função, haja vista, estava na condição de suplente. O resto (23 edis) estavam apoiando direta ou indiretamente (publicamente ou nos bastidores e outros de forma bem camuflada) o prefeito Valmir Mariano. Alguns vereadores publicamente apareciam criticando, esbravejando contra o alcaide municipal, mas nos bastidores, no apagar das luzes, tinham interesses ligados ao Palácio do Morro dos Ventos.

Não há dúvida que o caos administrativo que desencadeou a grave crise econômica em Parauapebas, a Câmara de Vereadores tem muita responsabilidade, mais especialmente os vereadores que estavam diretamente na base do governo. Diversas secretarias que hoje estão sucateadas, às moscas, eram chefiadas por vereadores da base governista. Eram os edis que em troca de apoio ao poder Executivo, pediam pastas municipais para manter o controle político e eram quem definiam nomes e ações que seriam realizadas, haja vista, que a maioria dos secretários eram indicados pelos parlamentares e não tinham autonomia alguma.

O governo sendo um desastre político, permitiu o avanço voraz dos edis as secretarias. Portanto, os vereadores têm muita responsabilidade no caos que o município vive. Na última sessão (22) dos vereadores presentes (sete) a ampla maioria, subiram à tribuna para tecer duras críticas à gestão municipal, alguns desses edis eram governo ou apoiaram Valmir Mariano. Oportunamente, agora, com o “rei morto” querem se livrar da culpa e jogar integralmente ao Palácio do Morro dos Ventos a total responsabilidade pelo cenário de “terra arrasada”.

No geral, o poder político ruiu em Parauapebas. Executivo e Legislativo são responsáveis pelos desmandos administrativos e caos financeiro. Pelo visto, 2016 precisa acabar urgentemente na “capital do minério”. Amanhã (29) ocorrerá mais uma sessão protocolar, se repetirá o marasmo de sempre? Os nobres edis irão fingir que a crise não é com eles? Pior do que está, ainda fica?

Henrique Branco

Formado em Geografia, com diversas pós-graduações. Cursando Jornalismo.

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