De olhos vendados à beira do abismo

Impressiona a capacidade do governo Bolsonaro de criar problemas para si. Caminhamos para o fim do terceiro mês de gestão e, até o momento, a oposição ainda não entrou em campo, ou melhor, nem foi preciso. Uma reforma da envergadura do que se propõe como no caso da Previdência, precisa de algumas bases sólidas e primordiais: narrativa unificadora e grande articulação. Exatamente o que o Palácio do Planalto não anda fazendo. E pior, através de alguns posicionamentos particulares de alguns, neste caso, os mais recentes vindos de Sérgio Moro e Carlos Bolsonaro, só atrapalham. Ambos estão em atrito com Rodrigo Maia, aquele que hoje é quem mais faz política favorável ao governo, neste caso sendo o porta-voz palaciano na referida reforma.

Não há – como já escrito em diversos textos neste blog – articulação política do governo no Congresso. Não há uma base sólida, ela ainda está em processo de formação. O Palácio do Planalto joga com as “armas” que tem: cargos e emendas. Agrega e reúne, mas por outro lado, a narrativa de alguns sabota os mínimos avanços em prol da reforma.

Carlos, o “02”, novamente usou a conta pessoal do Twitter para “alfinetar” o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. A troco de quê? Qual ganho político que o vereador carioca promove ao governo de seu pai agindo dessa forma?

Claramente falta a diversos operadores políticos do governo, os oficiais e não-oficiais (como no caso da prole bolsonarista), tato político.

MORO x MAIA

No início da semana corrente, iniciou o mais novo embate político em Brasília. Desta vez, protagonizado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. O ministro cobrava agilidade na votação de seu pacote de Segurança Pública, que foi, segundo o presidente do parlamento, uma cópia. O deputado afirmou que a prioridade é a reforma da Previdência, e quem deveria se reportar a ele seria o presidente e não um subordinado. Maia ainda disse que Moro não entende nada de política. Após a operação da Polícia Federal, que atendeu ao despacho do juiz Marcelo Bretas, que determinou a prisão do ex-presidente Michel Temer e de seu ex-ministro Moreira Franco, casado com a sogra de Rodrigo Maia.

Para completar a celeuma, ontem, Carlos Bolsonaro provocou o presidente da Câmara, ao perguntar – em sua conta no Twitter – o por que ele estava nervoso com as prisões? Tal ato desencadeou a fúria de Maia, que hoje, já deixou claro que não estará mais empenhado na condição informal de líder do governo para aprovar a reforma. Disse que agora caberá ao presidente buscar os votos necessários.

O desastroso trato dos operadores oficiais e não-oficiais, atrapalham o governo. O maior problema está em casa, e atende pela identificação de “02”. Sem Maia a reforma da Previdência não passa, ou caso passe – sem o apoio do presidente da Câmara – lhe sobrará um amontoado de retalhos. A parte que cabe aos militares na reforma já é uma mostra do que ainda pode piorar. O Palácio do Planalto parece caminhar com os olhos vendados à beira do abismo. 

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