O prefeito de São Paulo, João Dória, começa a ser um fenômeno político. Claramente e sem cerimônias, seu nome já é posto como um presidenciável tucano, em 2018. Esse processo é de “fora para dentro”, ou seja, vem das ruas, e não do ninho tucano. Até porque, a possível candidatura presidencial de Dória não estaria nos planos da executiva nacional do PSDB. Disputam a indicação ao posto dois nomes: Aécio Neves e Geraldo Alckmin. O tucano paulista, atual governador de São Paulo e que bancou politicamente João Dória à prefeitura, foi candidato ao Palácio do Planalto, em 2006, perdendo para Lula, aparece agora como o favorito. O mineiro, perdeu em 2014 para Dilma Rousseff.
Portanto, os dois nomes mais certos de dentro do PSDB, já foram candidatos à presidência e perderam. Dória disputou pela primeira vez um processo eleitoral vencendo em primeiro turno, algo que não acontecia na capital paulista desde 1992.
Além da meteórica expansão de seu nome pelos redutos paulistas, Dória começou a ter visibilidade nacional. Seu estilo de negar a política e se apresentar como gestor, em momento de total desilusão com os agentes políticos, é o seu principal discurso e vem tendo efeito muito positivo em sua popularidade. Em recentes discursos públicos, o mandatário paulistano não esconde a possibilidade do salto político-eleitoral até Brasília e descumprir o que prometeu ao ser lançar candidato ao paço municipal. Se concorrer ao Palácio do Planalto, ele não será o único, inclusive tucano, a deixar a PMSP antes do fim do mandato. A prefeitura da mais importante cidade da América Latina tornou um “trampolim” político-eleitoral, conforme escrevi recentemente em outro texto.
João Dória sabe que terá resistências, inclusive de seu “padrinho”, o governador Alckmin. É de seu conhecimento que na outra ponta está Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, e que tem peso forte na decisão, inclusive trabalha para ser novamente candidato. O ponto favorável ao prefeito paulistano é que Alckmin e Aécio, ambos, estão no emaranhado das delações da construtora Odebrecht, como “mineirinho” e “santo”, respectivamente. Apesar da clara blindagem que integrantes do PSDB recebem do judiciário, o desgaste dos referidos é clara e poderá fortalecer o nome do prefeito de São Paulo.
Dória sabe que terá que fazer ótima gestão na capital paulista nos próximos 18 meses e contar com os avanços da Lava Jato no próprio ninho tucano. O “efeito Dória” com seus personagens continua avançando, na fraqueza da representação política e na supremacia do mercado e seus operadores. O prefeito de São Paulo deixou de ser um “ponto fora da curva” e vai se tornando um personagem da seara política com grandes possibilidades eleitorais.