Em 2020, no início do segundo ano do governo Bolsonaro, este veículo analisava os movimentos que poderiam (o que confirmou mais tarde) levar à queda de Jair Bolsonaro. Essa derrocada seria, vejam, através dos próprios filhos.
À época, haviam ingerências promovidas pela prole Bolsonaro, que incomodavam os principais auxiliares do presidente. Claramente – como evidenciado no texto de 2020 – um verdadeiro atropelo das relações institucionais feitas por Carlos, Eduardo e Flávio. Jair Renan, em 2020, se resumia a ser um adolescente bobão.
vamos relembrar o artigo postado neste veículo, em 2020:
“Os três filhos do presidente, cada um ao seu estilo de atuação, produzem, a exemplo do pai, crises. Flávio, o chamado ’01’, está sendo investigado por promover a chamada “rachadinha”, procedimento em que ficava com parte dos proventos de assessores de seu gabinete de quando era deputado estadual, no Rio de Janeiro. As investigações avançam e estão no Supremo Tribunal Federal (STF).
Carlos, o ’02’, está sendo investigado pela Polícia Federal (PF), a pedido do STF, como um dos promotores de uma verdadeira fábrica de Fake News, coordenado por um núcleo operacional, chamado de “Gabinete do ódio”. Este caso é apontado atualmente como sendo responsável pela interferência direta do presidente da República nos trabalhos da PF, que culminou no pedido de saída do agora ex-ministro Sérgio Moro da pasta da Justiça e Segurança Pública. Bolsonaro queria informações sobre processos investigativos, além de trocar o comando da citada instituição. A Procuradoria Geral da República abriu investigação contra as denúncias de Sérgio Moro contra Jair Bolsonaro. Ontem, 27, o Supremo abriu inquérito contra o presidente para investigar o que o ex-ministro tornou público.
Eduardo, o ’03’, desgasta o governo do pai, ao produzir sistematicamente narrativas desastrosas, em favor do AI-5, exaltação de ditadores, pedindo a volta do regime ditatorial, gerando, portanto, crises. A prole já derrubou diversos ministros. Basta que sintam-se contrariados, para que forcem (com a anuência do pai) a exoneração de quem quer que seja”.
O recado era: seja menos pai e mais presidente.
Cinco anos depois, o ex-presidente com a possibilidade real de ser preso, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro, o ainda “03” embarca para os Estados Unidos com um único objetivo: tramar contra o próprio país, com o simples fato de não concordar com as decisões de um ministro da Suprema Corte.
Ter atuado em prol de uma mudança radical nas relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, apoiando, por exemplo, um “tarifaço”, que poderá desestabilizar diversos setores da economia brasileira, promovendo desemprego e fechamento de empresas, ao menos, pegou muito mal, inclusive, na própria Direita, que se viu em um encruzilhada: como sustentar o discurso de “patriota” apoiando tal medida do governo Trump?
Ficou claro o racha no campo direitista, com direito a troca de farpas públicas. Em linhas gerais, os mais sensatos conservadores sabem que tal manobra política de Eduardo foi um “tiro no pé”. E ainda de quebra, impulsionou a baixa popularidade do presidente Lula.
Não se pode esquecer que, a decretação da prisão domiciliar do ex-presidente, ocorrida por descumprimento das medidas cautelares, teve forte influência da atuação de um outro filho, Flávio Bolsonaro, que ao fazer uma live com um pai em uma manifestação (o que estava proibido), colocou Bolsonaro na condição de preso em casa. O risco de prisão preventiva existe e poderá ocorrer, também por conta dessa questão.
Eleições 2026
Jair Bolsonaro está inelegível. Não poderá disputa a eleição presidencial do próximo ano. Tal fato virou uma verdadeira disputa por espaços e busca por projeções de alguns governadores. O ex-presidente deixa claro não aceitar qualquer movimento que não passe antes por seu aval. Não, por acaso, Carlos Bolsonaro, um poeta calado, resolveu atacar esse movimento político-eleitoral feito por alguns mandatários estaduais.
Tarcísio de Freitas, que governa São Paulo é a principal aposta. Todavia, o mesmo continua resistente ao projeto. Sabe que é muito mais fácil se reeleger governador e disputar a Presidência sem Lula em 2030, do que ir para o embate contra o petista que, mesmo em baixa, conseguiu reverter cenários eleitorais desfavoráveis.
Como dito em 2020, a prole foi a “Torre de Babel” de Jair Bolsonaro. Em parte, ajudaram a derrubar o seu governo e agora o colocaram preso em casa, com a possibilidade de ser preso.
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