Eleições 2022: vencedor “por pontos”

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Ontem, 16, aconteceu o primeiro debate deste segundo turno entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Lula (PT). O evento foi realizado através de um pool de veículos de comunicação: Rede Bandeirantes, Uol, Folha de São Paulo e TV Cultura. A mediação foi feita pelos jornalistas Eduardo Oinegue, Adriana Araújo, Leão Serva e Fabíola Cidral. O programa também contou com perguntas de jornalistas da Band e dos veículos que formaram o pool.

Formato

De ontem para hoje, o que mais se falou em menções positivas sobre o debate, foi referente ao formato. Dois blocos de tempo livre entre os dois candidatos, em que ambos, tinham um total de 15 minutos para administrar como queriam. No primeiro bloco, o ex-presidente Lula teve, claramente, melhor desempenho. Soube explorar em quase todo o seu tempo a questão da pandemia, que incluiu vacinas e ações do governo, além de questionar o posicionamento do atual presidente. Ficou evidente que Bolsonaro esteve desconfortável.

Todavia, por conta própria ou não, ou seja, através de orientações de assessores, no terceiro bloco, o segundo de tempo livre, o atual presidente se saiu melhor do que o petista. Lula errou muito na administração do tempo. Bolsonaro ficou ao fim do bloco com cinco minutos e meio de tempo, enquanto o ex-presidente já havia estourado os seus 15 minutos. Portanto, o atual mandatário nacional teve quase uma live para tratar do que quisesse, todavia, Bolsonaro não soube aproveitar todo esse tempo, por exemplo, para falar dos feitos de sua gestão, do que pretende fazer em um eventual segundo mandato. Pelo contrário, continuou a falar de informações, algumas, comprovadamente inverídicas, de cunho claramente ideológico.

Vale registrar que, assim como nos debates do primeiro turno, novamente, o tema corrupção é a pedra no sapato de Lula. Quando o citado tema esteve no centro da discussão, Bolsonaro continua levando vantagem. Neste caso, muito mais por falta de réplicas e confrontação do petista, haja vista, que o governo atual está sob mira de diversas acusações de desvios de dinheiro público. Neste aspecto, fica claro que Lula evitar entrar na questão, justamente por essas denúncias atingem partidos do Centrão que, caso o petista vença, terá que ter essas legendas ao seu lado para conseguir governar.

Nas duas rodadas de perguntas dos jornalistas que compõem as veículos do pool, Lula se saiu melhor nas respostas. Quase nenhum questionamento foi respondido diretamente pelo atual presidente, que buscou narrativas, ou melhor, justificativas, fora da órbita da pergunta.

Debate e o cenário eleitoral 

Quem se saiu melhor ou pior neste debate, pouco importa, ou terá pouco feito no cenário eleitoral, a duas semanas do dia da eleição. Primeiro, porque os votos em Lula e em Bolsonaro estão cristalizados. Em média, segundo as pesquisas mais recentes, 91% dos que declaram voto no ex-presidente irão manter tal decisão; no caso do eleitor bolsonarista essa decisão chega a 95%. Portanto, o debate, neste caso, exerce pouca interferência. A questão continua centrada – para ambos – nos indecisos que chega a 5% do eleitorado e dos que não querem votam em nenhum dos dois. Essa conquista é muito mais necessária ao atual presidente que segue em segundo na ampla maioria dos levantamentos divulgados.

Assim como em outros encontros, ambos apresentaram poucas propostas ao país. Temas importantes continuam passando à margem do centro do debate. Lula se saiu melhor, mas a sua vitória foi “por pontos”, ou seja, vitória técnica. Porém, isso lhe favorece eleitoralmente.

Um fato que não pode passar despercebido é a atuação do ex-juiz e senador eleito Sérgio Moro (UB) nos bastidores do debate, prestando assessoria ao atual presidente. Mas esse assunto será tratado no próximo artigo.

Imagem: TV POP. 

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