Eleições 2024: o primeiro debate dos candidatos à Prefeitura de São Paulo

Ocorreu o primeiro debate televisivo com os candidatos à Prefeitura de São Paulo. Participaram, portanto, Ricardo Nunes (MDB), o atual prefeito; Guilherme Boulos (PSOL); José Luiz Datena (PSDB); Tabata Amaral (PSB); e Pablo Marçal (PRTB).

Em uma avaliação de debate eleitoral, pode-se usar inúmeros ferramentais analíticos, particularmente, lança-se mão da análise da relação entre conteúdo e forma. Ou seja, há um conteúdo – valores, ideias, propostas e domínio dos dados acerca da realidade, por exemplo –; e há a forma – como o candidato expressa suas ideias, sua maneira de falar, clareza, dicção, postura corporal, empatia, respeito ou agressividade, só para se fixar em alguns dos aspectos mais relevantes.

Indicar quem venceu um debate traz à tona um conjunto de dimensões e estas, obviamente, não agradam cidadãos, cientistas políticos e, tampouco, a militância. Política não é ciência exata. Ainda assim, vamos às questões que merecem maior atenção. Em um hipotético palanque, em primeiro lugar, em empate técnico, estariam Ricardo Nunes e Tabata Amaral; na segunda posição, Guilherme Boulos; em terceiro, levemente acima, estaria Jose Luiz Datena; na última posição, Pablo Marçal. Tal classificação indica que Nunes é o melhor e Marçal o pior? Jamais. Aqui, como dito, estão forma e conteúdo e o desempenho no debate.

Nunes, atual prefeito, foi, como era esperado, o alvo dos ataques, já que busca a reeleição. Sofreu duros ataques de todos, indistintamente, e, ponto positivo para ele, não perdeu a calma, não foi agressivo. Não interessa se suas respostas eram corretas naquele momento, pois, no calor, na emoção, números e dados dão sensação de segurança e domínio e não podem ser verificados com tanta rapidez.

Tabata, por sua vez, teve o papel principal de desconstruir Marçal que, após a pergunta da candidata, foi desrespeitoso e não a atacou apenas, mas aos demais adversários também. A candidata foi segura e apresentou algumas propostas e mandou um petardo na direção do prefeito, que respondeu acerca de uma suposta agressão à sua esposa e um boletim de ocorrência.

Boulos é o polarizador com Nunes, que é apoiado por Bolsonaro, enquanto o candidato do PSOL, por Lula. Boulos também fez propostas, como o “Poupa Tempo da Saúde”, mas não respondeu sobre Venezuela e outras provocações ideológicas.

Datena, em suas falas, demonstrou que apresentar um programa de televisão é diferente de debater na televisão, já que teve breves lapsos na fala e perdeu-se na gestão do seu tempo. Além disso, o tucano não conseguiu apresentar propostas concretas, no entanto, quis posicionar-se como “terceira via” – entre Nunes e Boulos – e como candidato independente.

Retomando Marçal e suas intervenções, o que ficou evidente é seu estilo agressivo, buscando a posição de outsider, em um discurso de ataque à Política e ao sistema. Suas propostas, segundo muitos, são fantasiosas e irrealizáveis em muitos casos e, ainda, pareceu conjugar uma retórica de coach com a teologia da prosperidade, querendo mudar o mindset dos cidadãos para que possam enriquecer.

Em síntese, Nunes é a continuidade, quer mostrar as realizações da prefeitura e que conhece a cidade de São Paulo e tem apoio de Bolsonaro; Tabata apresenta-se como oriunda da periferia da cidade, deputada federal atuante e defensora inexorável da educação; Boulos pautou-se na sua trajetória no bojo dos movimentos sociais, propostas para saúde e parceria com Lula; Datena quer a imagem de independente e capaz de romper as bolhas da polarização e conhecedor dos temas atinentes à segurança pública; por fim, Marçal é extremamente hábil nas redes sociais, onde possui milhões de seguidores engajados e, também, quer ser o único candidato da direita, já que, para ele, Nunes não é a verdadeira direita e os demais são de centro-esquerda ou da extrema-esquerda (Boulos).

Vamos, doravante, acompanhar a construção e a comunicação da imagem política dos candidatos!

Por Rodrigo Augusto Prando, Professor e Pesquisador. Cientista Social, Mestre e Doutor em Sociologia. Membro da Comissão de Políticas e Mídias Sociais do IASP – Instituto dos Advogados de São Paulo.

Imagem: Reprodução – Youtube. 

Henrique Branco

Formado em Geografia, com diversas pós-graduações. Cursando Jornalismo.

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