Em meio ao caos na segurança pública, Helder e Jatene continuam a disputa política

O estado do Pará atravessa um dos piores momentos no que diz respeito à sua intermitente crise na segurança pública. O governo estadual demonstra claramente à sua incapacidade em resolver o problema, pelo menos, amenizá-lo. Só para ficar na análise restrita a capital, no total, foram quatro chacinas registradas na Grande Belém este ano. A primeira aconteceu na madrugada do dia 20 para o dia 21 de janeiro. 27 pessoas foram assassinadas em 20 pontos espalhados pela região metropolitana de Belém.

O segundo caso foi no dia 5 de abril, quando dez pessoas foram mortas em Belém, Ananindeua e Icoaraci em um intervalo de 4h. Exatamente um mês depois, no dia 5 de maio, quatro homens foram executados no conjunto Eduardo Angelim, no Parque Guajará, em Belém.

A chacina mais recente aconteceu na última na terça-feira (6), quando cinco pessoas morreram e 14 foram baleadas, em uma mesma rua, no bairro da Condor, periferia de Belém. Entre as vítimas feridas está uma criança de 2 anos. A Polícia Civil investiga os crimes. Isso sem contar com os assassinatos ao varejo que ocorrem diariamente nas periferias de Belém.

Se for estendida a análise para outros municípios do interior, sobretudo, os centros regionais, o cenário não é diferente. O caos predomina. Não há efetivo suficiente das polícias Civil e Militar para a promoção do combate efetivo ao crime em suas diversas faces. Segundo o Atlas da Violência, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em 2016, o Pará tem a sexta maior taxa de homicídios do país, com 42,6 vítimas por grupo de 100 mil habitantes. A violência e a impunidade dos crimes assustam a população.

Dentro da impressionante inercia que o governador Simão Jatene (PSDB) mantém em relação ao caos, o seu principal adversário político, o ministro Helder Barbalho (PMDB) começou a agir. Até então, dentro da sua competência, o herdeiro político de Jader, promovia em solo paraense ações de sua robusta pasta no que diz respeito à infraestrutura. Na última quinta-feira (8), Helder se reuniu com Torquato Jardim, titular do Ministério da Justiça e Segurança Pública, para manifestar sua preocupação com a questão da segurança no estado do Pará. Em ofício, entregue pelo ministro paraense a Jardim, afirma ser necessária a presença da Força Nacional de Segurança no Pará.

No dia seguinte (9), ainda em Brasília, Helder Barbalho reforçou a necessidade urgente de apoio do Governo Federal no combate à grave crise de segurança no Pará. Em reunião com o ministro da Defesa, Raul Jungmann, na noite desta sexta-feira (9), Helder Barbalho destacou que a presença do Exército Brasileiro pode garantir a ordem e ajudar a conter a violência que vem acometendo a população paraense.

Por mais que tenha a melhor das intenções, ou seja, ajudar, de fato, a amenizar o clima de medo, a sensação de insegurança que se vive nos quatros quantos do Pará, Helder, com tais medidas avança sobre Jatene e o ninho tucano em uma área que até então não havia sido disputada entre os dois principais agentes políticos do Pará. Como esperado, o governo do Pará não aceitou qualquer ajuda de Brasília. As forças de segurança estaduais afirmam não ser necessário a intervenção federal no Pará, no que diz respeito ao uso da Força Nacional.

Em meio a tiroteios, mortes ao varejo, chacinas, clima e cenário hollywoodiano de faroeste, Jatene e Helder continuam o seu intermitente duelo político que não terminará em 2018.  Em meio à disputa de poder entre dois grupos políticos a violência avança. Quem ainda poderá salvar o Pará?   

Henrique Branco

Formado em Geografia, com diversas pós-graduações. Cursando Jornalismo.

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