Na tarde da última sexta-feira, 03, Gilberto Laranjeiras, atual secretário de Saúde de Parauapebas, recebeu o Blog em seu gabinete. O citado gestor fez um balanço de sua vida profissional, que iniciou como empresário bem-sucedido do ramo turístico do pequeno município de Maragogi – litoral norte de Alagoas, até chegar assumir como coordenador geral do Ministério da Saúde do governo do ex-presidente Michel Temer. De ótimo trânsito político em Brasília, Laranjeiras, conhece bem os meandros da Capital Federal. Sua competência gerencial lhe rendeu o convite feito pelo prefeito Darci Lermen para assumir um grande desafio: gerenciar a saúde pública parauapebense.
1) O senhor tem como origem o ramo turístico, sendo um respeitado empresário do setor. Em seu currículo consta ter sido coordenador geral, além de outras relevantes funções dentro do Ministério da Saúde no governo do ex-presidente Michel Temer. Como foi essa transição e como o senhor chegou até Parauapebas para assumir a pasta da saúde?
R: A minha vida até o Ministério da Saúde, antes eu vim de uma família de comerciantes, empresários do Turismo lá no município de Maragogi, Alagoas. A minha irmã se candidatou a vice-prefeita, e nesse intervalo estivemos muito vinculados a políticos como deputados, senadores, prefeitos… E tive um convite em 2016, vindo de alguns parlamentares, me ofertando uma oportunidade de conhecer, trabalhar e desenvolver uma função no Ministério da Saúde. Pelo meu jeito de ser acolhedor, receptivo, paciente e naquele momento eu já gostava de lidar com pessoas que trabalhavam na saúde no meu município de Maragogi, ai despertei a curiosidade em aceitar esse desafio. Em 2016, no mês de setembro, assumi o meu primeiro cargo de regulador de negociação e regulação de trabalho na secretaria que se chamava à época de SGTES (Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde), e ao passar do tempo no referido ministério, desenvolvi alguns trabalhos, algumas ações. Fui coordenador, fui diretor de programa, diretor da pasta de regulação, fui coordenador de Saúde e Educação, fui primeiro suplente do CONITEC (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde), e tive algumas oportunidades de desenvolver e acompanhar junto aos secretários nacionais, o ministro; tarefas essas que me proporcionou conhecer o Brasil nas pontas, em locais se que tinha difícil acesso, conhecer a realidade do SUS (Sistema Único de Saúde). E isso – rodando pelo Brasil – me permitiu conhecer o sistema: as unidades de Saúde, como funcionavam as médias e altas complexidades, e onde se tinham os maiores acertos do SUS naquela época. E por lá fiquei por três anos e alguns meses. Na entrada do nosso presidente atual (Jair Bolsonaro), me fizeram o convite – por ser um dos integrantes do governo do Michel (Temer) – de permanecer no Ministério da Saúde, e assim ainda fiquei mais quatro meses (janeiro até abril de 2019).
Como foi que eu conheci o nosso prefeito Darci? O conheci através de muitas idas dele ao Ministério da Saúde, esbarrei muito com ele pelos corredores, e o nosso prefeito Darci Lermen muito preocupado com o município de Parauapebas, ele ia muito a SESAI (Secretaria Especial de Saúde Indígena). Como eu estava na SGTES, muitas vezes eu e Darci conversávamos bastante para ver se tinha a possibilidade de trazer mais médicos pelo programa que estava instalado no país inteiro pelo SUS, que era o “Mais Médicos”. Ai nessa relação de ajuda dentro do ministério nós criamos um vínculo de amizade. E quando ele estava na eminência de trazer um novo secretário para Parauapebas, nas idas a Brasília ele me fez o convite de assumir a pasta da Saúde neste município. A questão, a principio, estava no âmbito pessoal, pois tenho a minha família: minha esposa e minhas duas filhas que moram em Brasília, meus pais em Maragogi, e tenho as minhas coisas em Recife; então eu sempre fico entre Brasília e o Nordeste. Aí disse a ele que teria que pensar, pois Parauapebas fica no Norte, na outra ponta e teria a questão de logística. Pedi um tempo para pensar. Não aceitei na primeira e nem na segunda vez o convite. Na terceira, Deus tocou o meu coração e vim. Assumi aqui em maio de 2019, e de lá pra cá eu estou muito comprometido, com muita responsabilidade, tocando a pasta, junto com os meus diretores, trabalhando de forma respeitosa, com hierarquia, com todos os diretores desenvolvendo os seus trabalhos de maneira eficaz. Eu acredito que (sou até suspeito em dizer que a Saúde melhorou – eu prefiro que a população ou outros colegas falem) tivemos bons avanços ao longo – que irá completar agora no próximo dia 21 de maio – um ano de gestão. Acredito que fizemos muitos avanços e vamos continuar. Hoje essas situações que estamos passando, irei passar aqui no comando da pasta, com muita serenidade e tranquilidade.
2) Como o senhor colocou, no próximo mês, dia 21, completará um ano à frente da Secretária de Saúde, e o leitor do Blog quer saber as ações, um balanço até aqui de sua gestão. O que foi feito? As mudanças? O que o senhor ainda tem de planejamento a executar no decorrer do ano?
R: Ao passar do tempo muitos avanços administrativos foram feitos. Quando você faz uma transição, é lógico que você vai encontrar alguns atores que não se identificam com o seu perfil de trabalho, então você precisa organizar e moldar a gestão conforme o seu perfil de trabalho. E fizemos neste sentido, grandes avanços na questão de acomodação de gestores, cada área de chefia. Nós temos SABE (Programa de Saúde Domiciliar), que é de grande importância, onde tivemos grandes avanços, inclusive hoje (03), recebemos um e-mail em que o coordenador estadual, parabenizando o município de Parauapebas, com as melhorias e os números que demonstram evolução. Se formos comparar o que eu encontrei na época e hoje, teremos, por exemplo, uma frota de 45 veículos. E isso é um número muito expressivo. Quando eu cheguei, eu encontrei 18 a 19 carros. E o número atual contempla as áreas rural e urbana do município. Há locais que nunca tiveram a presença de um veiculo, hoje têm.
Se for olhar para o aspecto da alta complexidade, temos o Hospital Geral de Parauapebas (HGP), que tem a capacidade de 200 leitos, e encontrei-o com 96. Não avançamos ainda com o quantitativo de leitos a mais, mas conseguimos organizar muita coisa dentro daquele hospital, em termos de números, de cirurgias eletivas, ações, programas. Se for ver os mutirões que fizemos aqui na área de oftalmologia, urologia, ginecologia. A gente vem tentando zerar essa fila gerada por uma demanda muito grande. E passado esse tempo, a gente vem zerando muito. E agora recebo também do Ministério da Saúde, esse comunicado em primeira mão, que vamos receber uma nova ambulância do SAMU, além de outra para o hospital. Conseguimos ainda trazer veículos novos para toda a frota.
3) O Senhor tocou em um assunto interessante para que essa entrevista tomasse corpo, e como manda o bom jornalismo, fomos atrás das informações. E o que nos chamou atenção em sua gestão até aqui foi a diminuição considerável do custeio da pasta. O senhor assume em maio de 2019 e o levantamento feito pelo Blog que data o fim de agosto e início de setembro, a redução já chegava à ordem de 20 milhões de reais.
R: Infelizmente, algumas situações agradam uns e desagradam outros. Toda situação ela tem o bônus e o ônus. Para que possamos colocar a casa em um ajuste, tomamos posição que às vezes cria insatisfações. Não podemos agir com emoção e sim com a razão. Para que pudéssemos melhorar esse cenário da saúde de Parauapebas, eu tive que buscar também alguns recursos federais para aportar a não necessidade constante de a saúde precisar ficar na dependência dos recursos da Cfem (Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais), então a gente precisa demonstrar em algumas atitudes que a Saúde tem diversos programas que o Ministério disponibiliza, então temos que buscá-los. Porque quem está comprometido a fazer um trabalho transparente, não tem que ter receio nenhum de trabalhar com recurso federal. Você tem que ir para cima, porque o Ministério oferece diversos programas que irão ajudar que permitem fazer uma saúde pública muito boa para o município. E a população ficará muito bem assistida.
Hoje se você observar tem um cenário muito importante a salientar. Parauapebas é um município de 31 anos, e esse hospital (HGP) tem oito, dez anos de funcionamento (o HGP foi inaugurado em 2016, na gestão do ex-prefeito Valmir Mariano), ele nunca havia sido habilitado para UTI de adultos, e na minha gestão eu lutei para poder habilitá-lo e conseguir esse feito, com muito esforço, mas conseguimos habilitar as 10 UTI de adultos para poder aportar o recurso federal mensal para o município. Estou lutando também para conseguir habilitar a nossa hemodiálise, para que o nosso paciente renal crônico possa ter uma melhor qualidade de tratamento. Já estou fazendo o planejamento…
Blog – Li que para essa área de hemodiálise havia o valor de R$ 1,5 milhão ao mês…
R: Isso. É o que eu estou buscando e vamos lutar. Sabemos que existe muita peculiaridade, porque o Brasil é muito grande, temos muitos municípios lutando. E posso dizer de passagem que aquilo ali não é um Ministério, aquilo ali é uma cidade. São muitas áreas, são vários anexos, e que tem ser com muita persistência para que você consiga implantar alguns programas que irão trazer uma eficiência muito boa ao município. Eu acho que Parauapebas mais do nunca, merecia uma gestão diferenciada, com olhar mais técnico, mais clínico. Descaracterizar um pouco o olhar da cidade só como a “capital do minério”. Por que não a gente não pode ser um complexo de saúde aqui? Já que somos um polo de saúde, sendo referência para cidades vizinhas, como Canaã, Curionópolis e Eldorado. Atendemos diversos pacientes de outras cidades, que usam a nossa rede de saúde, que são o nosso HGP, a nossa Policlínica, com médicos especializados, com currículos vastos. Em Parauapebas você encontra de pediatra a um hematologista, que já é uma especialidade muito difícil, e nos ofertamos isso para toda a rede de saúde pública. Temos até infectologista, que principalmente neste momento tão difícil que estamos passando. Temos dois desses especialistas na rede. E eu estou em busca de mais para poder proporcionar maior segurança para a população.
4) O senhor tocou em um assunto… O Hospital Geral de Parauapebas (HGP) é um caso que nos remonta a algumas análises, que permeiam algumas críticas e situações que envolvem a construção… O senhor há de convir que se construiu uma estrutura gigantesca, o hospital de característica regional, e lembro que as pessoas que antecederam ao senhor neste cargo, e que o prefeito Darci Lermen fez nos seus primeiros dias do mandato foi tentar negociar com o Estado um gerenciamento em conjunto. Pergunto-lhe: foi um erro ter construído um hospital desse tamanho, sem ter garantido antes aporte financeiro do Estado? E de que forma na sua gestão isso está sendo trabalhado? Falo da questão também da terceirização…
R: Eu posso lhe falar da seguinte forma… Quando eu cheguei ao município de Parauapebas, eu encontrei naquele momento a alta complexidade funcionando, que é o HGP, mas pelo que levantei historicamente, foi um processo que sofreu em sua construção diversos aditamentos, e quando se tem muito isso, a obra nunca sai perfeita. Quando observei aquele cenário, o meu diagnóstico clínico ali na minha visão, eu achei que ali deveria ter tido um melhor planejamento, e não deixar de dizer que Parauapebas poderia não ter um hospital desse porte. O município é rico e vem crescendo em 31 anos de forma muito rápida, assim como rapidamente se desenvolve economicamente. Penso que o hospital (HGP) não foi um erro, mas sim na questão de seu planejamento. Para construir um hospital com a complexidade de 200 leitos, você teria que fazer um planejamento naquela época. Não sei quem era o gestor da época, mas você tem diretores, secretários… Sentar com essa equipe e ver o que se tem na ordenação de despesa; para se ter um estudo de um hospital funcionando e um corpo técnico para você fazer uma folha de pagamento que não é baixa.
A questão central é saber gerir o hospital, pois ele é de portas abertas, é SUS. Se você vê o lado de gerir, a terceirização para um hospital que tem característica de ser regional, mas que não conta com o aporte do Estado, só se tem uma saída: ou você terceiriza como foi o caso que eu tentei implantar aqui, e depois foi acordado para passar seis meses com posicionamento feito em acordo com o Ministério Público, via audiência pública, com sindicato, jurídico e Procuradoria, foi acordado que nesses seis meses nós não fizéssemos um processo de terceirização. Então eu fiquei em uma “saia meio justa”, então pensei que só tem uma saída para controlar essas despesas: quando você não consegue terceirizar, você pode “pejotizar” ou contratar mais profissionais de saúde. Ai tem gente que me pergunta: “pejotizar” não é semelhante à terceirização? É e não é. Porque você “pejotizar” o corpo técnico é uma coisa; você terceirizar é fazer com o hospital todo, então a terceirizada vai para lá (empresa) e ela vai do diretor-geral ao maqueiro. Então a terceirização em um olhar de algumas pessoas, porque há um tempo aqui o resultado não foi eficaz, por, talvez, falta de pagamento, ai a OS (Organização Social) e trouxe essa imagem ruim, ficando arranhado.
Ai eu pergunto: não tem terceirização, não tem “pejotização”, o que a gente pode fazer de imediato para suprir essa necessidade? Ai eu fiz uma análise, um estudo de redimensionamento de trabalho com intuito de baixar o custo da folha de pagamento. E como faz isso? Colocando mais profissionais de saúde. Ai as pessoas perguntam: vai aumentar a folha! Sim, mas o aumento é momentâneo, dura dois a três meses, e depois ela só reduz. Porque você chega hoje na alta complexidade aqui, você vai encontrar um médico, um enfermeiro, um técnico de enfermagem, fazendo muitos plantões, sobrecarregando a própria vida, e não conseguindo trazer uma qualidade melhor em assistência pública de saúde. Então, o redimensionamento ele entra para fazer o equilíbrio do profissional, melhorando o atendimento…
Blog – Mas não há aumento dos encargos contratando mais?
R: Tem o patrimonial, tem tributos, tem tudo… Mas quando você redimensiona esses valores, você consegue reduzir. O primeiro mês aumenta um pouco, mas depois a tendência é baixar. E isso nos fará caminhar para aquilo que eu busco que é um SUS humanizado, e isso só é possível quando você garante qualidade de vida ao próprio profissional. Se ele está sobrecarregado, ele não consegue prestar um bom serviço.
5) Não tem como fugir, dentro dessa entrevista, era esperado que se abordasse a questão da pandemia do novo coronavírus. O último boletim que nós temos atualizado apontou apenas dois casos que deram positivo, ou seja, duas pessoas infectadas (antes da entrevista ir ao ar, o terceiro caso foi identificado). Neste caso, levando em consideração o fluxo migratório muito grande, há poucos infectados. O que podemos identificar nesta surpresa positiva?
R: Eu acredito que o posicionamento do nosso prefeito Darci Lermen foi o mais coerente e assertivo, de maneira que promoveu o bloqueio desse vírus. Porque na verdade ele é importado, ou seja, ele não proliferou em nosso país. Então se você analisar sistematicamente, quando você fecha o aeroporto, a ferrovia, e diminui a entrada no seu município com barreiras sanitárias com profissionais de saúde fazendo a identificação clínica do paciente daquele município, para saber, por exemplo, se ele está febril. Com essa triagem você consegue de certa forma trazer uma segurança a mais. Mas não quer dizer que estamos extremamente seguro de uma pessoa não contrair esse vírus. E por que? Porque temos a Vale, e ela tem muitos profissionais que vem de outros estados, principalmente os que estão com números elevados como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. A minha preocupação não é agora. E digo isso pela leitura que tenho da saúde. A minha preocupação é daqui a 60 dias, porque toda pandemia ela tem um momento de pico, ela tem uma curva achatar, a vida dos brasileiros ela irá normalizar, mas isso pelos estados do Sul e Sudeste.
A minha preocupação é que daqui a 60 dias, quando os aeroportos, ferrovias e áreas portuárias voltarem as suas normalidades, como o vírus é assintomático, as pessoas contraem, sem saber e só depois de dez dias em média, os sintomas aparecem. Então quando os acessos normalizarem e as pessoas vierem dessas regiões para trabalhar aqui na Vale, é ai o meu receio de transmissão em massa, daquilo que chamamos tecnicamente de transmissão comunitária. Estaremos agora recebendo 40 leitos em parceria com a Vale, que ela será um dos maiores vetores, e ela sabe disso, por isso, sabe que tem que nos ajudar.
6) Pegando o gancho na sua fala, tem uma questão muito polêmica não só aqui mas em todo Brasil, que é a questão das subnotificações… O senhor teve uma ação muito elogiada que foi a compra dos kits de testagem rápida, o que agiliza muito a verificação e o cenário de avanço da doença. Essa questão da subida da curva que os especialistas falam que ainda está em processo e que deverá ocorrer nos próximos dias… Qual o real cenário que temos em nosso município? Existe essa questão de subnotificar casos?
R: Eu acredito que da nossa parte aqui, não omitimos nenhum fato. A população pode ser a certeza. O que for para ser demonstrado, a população terá o esclarecimento. Trabalhamos de forma transparente. Ocultar um fato como esse para mim é um crime. Então eu jamais iria me curvar a um pedido que fosse de extrema importância. Ninguém venha me pedir um fato desses, porque é a mesma coisa de estar cometendo um crime. Porque se você deixa um paciente contaminado e você não o identifica para fazer o trabalho de isolamento social, você está trazendo um risco para a sociedade, pois é um vírus altamente contagioso. E ele é letal para idosos, que tem hipertensão, diabetes, renal crônico… Deixar uma pessoa contaminada em nosso município sem ter a notificação é inaceitável. Para mim é uma omissão como gestor de saúde.
7) E a questão do isolamento vertical, defendido por muitos, sobretudo os que defendem o retorno às atividades econômicas. O senhor acredita nessa proposta? A acha apropriada?
R: Dependendo do momento, da época e do estado, eu não a praticaria no país inteiro, por exemplo. Depende da situação. O Sul e Sudeste nós sabemos que são máquinas geradoras de emprego e renda em massa. E estamos acompanhando que há diversas pessoas que querem transformar essa pandemia em ato político, então nós temos que encarar o problema como vírus, como nós encaramos outros como Dengue, Chikungunya, Zica… Isso também se não tratar mata. Vou lhe dar um exemplo: nós temos aqui uma patologia que é o sarampo. Que voltou e que em 2016 foi erradicado. Mas pela falta de treinamento e insuficiência no treinamento em diversos municípios no Brasil, a falta da imunização da vacina naquelas pessoas, trouxe a vulnerabilidade para os pacientes. O sarampo é altamente letal e ninguém está vendo isso. Estamos vivendo hoje um momento muito difícil, você veja, por exemplo, o vírus da gripe Influenza A e B ela é uma patologia que tem semelhanças nos sintomas muito próximas a Covid-19. Por isso, nós precisamos ter investimentos, fazer a testagem rápida para fechar diagnósticos e identificar naquele paciente o que acomete ele, qual a patologia dele? Será que iremos parar o mundo por conta da Covid-19? Sabemos que é um vírus muito sério, mas a gente precisa saber fechar o diagnóstico.
Sabemos que há estados muito populosos como São Paulo. Ali não cabe o isolamento vertical. Ali tem que ser horizontal, porque há muita aglomeração. No estado do Pará hoje se enquadraria o vertical. E Por que? Porque nos temos hoje 52 casos confirmados (no dia da entrevista, 06, esse era o quantitativo de infectados confirmados pela Secretária Estadual de Saúde. Na data de publicação desta entrevista os casos triplicaram) e se eles estiverem todos bem isolados, da para fazer um trânsito, flexibilizar para não fechar 100% tudo. Ou seja, depende do entendimento de cada governante, cada prefeito.
8) Nesta sua colocação nós temos hoje algo complicado, que é o cruzamento de decretos. O governador Helder Barbalho encara o combate à Covid-19 de uma maneira muito enérgica, ou seja, restringindo ao máximo a circulação de pessoas e impondo grandes limitações ao funcionamento do comércio. E sabemos que diversos municípios, que inclui Parauapebas, buscam a flexibilização dessas medidas. Não entrando em conflito jurídico com o decreto estadual, porém o Ministério Público recomendou a não flexibilização dessas medidas. O prefeito Darci Lermen havia assinado um decreto mais rígido, e depois ocorreu entendimento de flexibilizar algumas atividades, impondo a estas restrições. Como está esse entendimento hoje dentro do governo?
R: Estava conversando com o doutor Alberto Beltrame (Secretário Estadual de Saúde do Pará), um grande amigo, a gente sempre bate-papo, um cara muito bem preparado, médico… E ele disse: “Laranjeiras, a gente só consegue fazer uma saúde pública de qualidade em uma pandemia, se todos os secretários municipais e o estadual, trazerem tranquilidade para a população”. Não tem jeito, é uma pandemia. Precisa ter cuidado, usar máscaras, lavar as mãos, usar álcool em gel, e isso tudo de maneira contínua. Isso evita de certa forma o contágio. No plano institucional, nós temos que ter o respeito a alguns decretos, porque está tendo diferentes entre municípios, há conflito de competências. Mas seguimos aqui o que o nosso Judiciário, o nosso governador, o nosso prefeito, decidirem, estamos aqui para cumprir. Agora divergir de maneira salutar para você enquadrar aquele cenário daquele município de uma maneira eficaz, não vejo de maneira de incoerência política e sim de preocupação com a população. O que o MP está fazendo é orientar.
9) O Blog encerra com as suas considerações finais, deixe uma mensagem a todos os munícipes.
R: O que eu posso falar para todos do município de Parauapebas é que, meus amigos e minhas amigas esse é um momento que estamos passando e aflições, tenta diminuir um pouco, vamos tentar desintoxicar um pouco da televisão, vamos tentar se desligar um pouco desses meios que ficam 24 horas só falando de morte, falando de quantidade de pessoas que tá sendo infectado cotidianamente, vamos fazer o dever de casa como chegar em sair para rua, tira o sapato, lavar a mão com sabão e se sair para rua sempre com uma bisnaga de álcool gel no bolso. Essa situação eu digo que ela é passageira como todas as epidemias que já passou nesse país e no mundo. Quero dizer a todos vocês que tenham tranquilidade, que tenham segurança, praticando com consciência e com responsabilidade, cumprindo decreto que está firmado e tendo a consciência que vocês praticando a higiene primordial, vocês não irão ser afetados por esse vírus. Agora eu peço também encarecidamente a aquelas senhoras são as vovós que procurem não ficar próximos de crianças. Por são casos muito assintomático. Já diz o nosso Ministro Henrique Mandetta, temos que deixar um pouco de dar beijos, carinhos, para que daqui a três a quatro meses, a gente possa dar beijos e abraços de mais de cinco minutos. Isso é importante a gente ter essa consciência agora fazendo todo esse trabalho de cuidar de cada um, vamos ser também agente de saúde começando pelas nossas casas, verificando se tem água parada, se tem jarro, se tem pote com água. A educação começa na nossa casa. Vamos vencer isso tudo, a luta continua meus amigos. Fique em casa e o meu muito obrigado.
Agradecimentos: Laércio de Castro (Ascom – PMP ) e Luciana Queiroz (Ascom – Semsa)