A disputa eleitoral ao governo do Pará no próximo ano, apesar do favoritismo de Helder Barbalho (MDB), poderá ser um pleito com mais emoções do que se pode esperar. Se PSDB se lançar candidatura própria, com Simão Jatene ou não ao Executivo (lembrando que neste momento, o ex-governador está inelegível por ter tido as suas contas de 2018 reprovadas pela Alepa), o partido chegará para a disputa internamente rachado, o que enfraquecerá a legenda político-eleitoralmente.
Todavia, ainda há um quadro que tende a se lançar como candidato ao governo do Pará. Ele atende pelo nome de Zequinha Marinho (PSC), atual senador da República. O parlamentar paraense, segundo informações, sofre forte pressão dos Bolsonaristas, inclusive do próprio presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para se lançar candidato ao Executivo paraense.
Marinho tem considerável apoio da bancada evangélica, além do setor agronegócio paraense. Com o tresloucado Everaldo Eguchi (Patriota) fora do jogo, depois da operação da Polícia Federal, restou o citado senador paraense como opção ao Palácio do Planalto. É sabido que uma das principais bandeiras bolsonarista é fazer bancada no Congresso Nacional, além de eleger governadores. Tirar do poder mandatários estaduais não alinhados com o presidente, como Helder Barbalho, é um objetivo.
Todavia, Zequinha vive momento de incertezas dentro do seu mandato de senador. Em janeiro de 2021, uma ação pediu ao Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE-PA) a sua cassação, que teve parecer favorável do Ministério Público Eleitoral (MPE). O órgão informou que concorda com as alegações da ação de investigação judicial eleitoral, que apontou, entre as irregularidades, o suposto desvirtuamento do uso de R$ 2,3 milhões da cota de gênero do fundo eleitoral nas eleições de 2018.
O processo começou em 2019, quando o diretório paraense do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e o ex-candidato à reeleição a senador pelo partido no Pará, Flexa Ribeiro, ajuizaram uma ação contra Marinho, e que pedia também a cassação dos suplentes Arlindo Penha da Silva e Marinho Cunha, além da cassação do diploma da suplente de deputada federal Júlia Marinho (PSC), esposa de Zequinha. Ela não chegou a ser reeleita como deputada federal.
Rompimento com os tucanos
Para entender o atual cenário político, se faz necessário um resgate histórico. Zequinha Marinho foi eleito vice-governador na chapa vitoriosa com Simão Jatene, em 2014. A cisão começou quando no último ano da gestão (2018), Marinho não aceitou os acordos e decisões do então governador para que renunciasse ao cargo ou assumisse o governo até o fim do ano, o que não foi aceito pelo político do PSC.
A decisão obrigou Jatene a ficar no cargo, o fazendo abdicar a candidatura ao Senado, seu objetivo à época. Com isso, o líder do PSC cortou relações com o clã tucano, e se aliou aos Barbalho. Se elegeu Senador da República, ficado com diferença muito pequena em relação a Jader, que disputava a reeleição.
Da mesma forma que se afastou dos tucanos paraenses, não aceitando submissão, Marinho repete a postura com os Barbalho. Desde quando assumiu o mandato de senador, apresenta-se de forma independente. Não esconde pelos corredores da Câmara Alta a sua pretensão de assumir o Executivo paraense, seu objetivo já em 2018.
Informações colhidas pelo Blog do Branco, dão conta que, o atual mandatário da política estadual vem ensaiando aproximação com o citado senador, talvez, com o objetivo de removê-lo da ideia de concorrer ao governo do Pará.
Zequinha já demonstrou que não cede fácil a desejos e projetos alheios. Jatene que o diga. Com os tucanos nas cordas, o “Fator Marinho” tornou-se uma realidade perigosa ao projeto político dos Barbalho. A ver.