A pressão que a gestão do prefeito Darci Lermen (MDB) vem sofrendo só aumenta a cada dia. Quase todo novo expediente há manifestação na entrada da sede do poder Executivo municipal. Diversos setores, categorias, campo, cidade, movimentos sociais, de classe, estão cobrando, exigindo um novo direcionamento das políticas públicas municipais que partem do Palácio do Morro dos Ventos.
Já se passaram 16 meses de um total de 48 (30,3% do tempo decorrido) e nada de concreto foi apresentado. O que se fez e continua se fazendo é o básico: manutenção de funcionamento da máquina e ações isoladas, de impacto local (recuperação de vias – tapa-buraco, para citar um exemplo). A única obra em termos de mobilidade urbana se resume a um retorno feito (e ainda não finalizado) na PA-275, próximo ao terminal rodoviário da cidade.
Na composição da máquina pública municipal há claramente um descompasso organizacional: sobreposição de ações, de competências, e alguns casos nem há ações, tamanha é a incompetência de quem geri um determinado espaço institucional, além da falta de reconhecimento por parte do prefeito de outros que fazem – na medida do possível – bem o seu trabalho. Máquina inchada, folha de pagamento no limite da lei de responsabilidade fiscal. Um primeiro escalão divido em feudos, um núcleo central de gestão que parece não conseguir “homogeneizar” as ações. Tudo isso cria instabilidades gerenciais, fazendo o governo “andar em círculos” (conforme analise em outra postagem). Conforme afirmei em diversas ocasiões: a campanha vitoriosa de 2016, parece continuar a ser a “pedra no sapato” do prefeito. Os acordos continuam a engessar a máquina e promover apologia à incompetência em diversos setores.
Conforme dito, Darci teve vitórias e louváveis atuações para além da cordilheira de ferro. As ações exógenas do mandatário municipal conseguiram trazer para Parauapebas mais receitas (reajuste da Cfem) e projetos de grande impacto (como o da macrodrenagem). Que, aliás é a grande “cartada” da gestão para mudar a sua péssima avaliação perante a opinião pública (mesmo com a conveniência de grande parte da mídia local).
Fontes informaram ao blog que o prefeito encomendou pesquisa de avaliação. Não serão divulgados os números (formato de consumo interno). Mas pelo que se sabe (e até esperado) os resultados não são do agrado da cúpula do Morro dos Ventos. A rejeição chega a 80%. O mandatário municipal quis saber também como se configura os “nichos” de formação de opinião (redes sociais, blogs, grupos de Whatsapp), o que deixou o prefeito menos tenso. Segundo informações, as referidas modalidades ainda têm pouco impacto na sociedade local (segundo a referida pesquisa). A questão é que a pressão aumenta e o governo não consegue dar a resposta ou – pelo menos – encaminhar a resolução de inúmeras demandas.
A gestão joga com as armas que têm. No campo da comunicação há um amplo acordo de “coexistência pacífica” com grande parte da imprensa local (o que ajuda na prática a abafar e minimizar os efeitos negativos da gestão, inclusive a própria institucional). No campo político, mantém sob controle o Poder Legislativo. Para acalmar um possível movimento que começou a surgir na Casa de Leis, promovido por alguns vereadores, o governo se recompactuou e abriu novos espaços a serem ocupados pela maioria dos edis, que reclamavam do pouco “prestigio” dado pelo prefeito aos alguns legisladores. Esse processo é mais lento, pois depende dos acordos firmados em 2016.
A questão é que os diversos processos de “controle” não conseguem atingir a grande parte da sociedade parauapebense. A grande massa deixou a paciência de lado e cobra ações. O governo teve que abandonar o seu mote da vitória eleitoral: “Oportunidade”, pois sabe que ele é um erro de imagem e comunicação, frente ao grave cenário econômico. Agora passou a ser “o governo da nossa gente”, slogan mais leve, com menor potencial crítico. Mas na prática continua-se andando em círculos.
Conforme dito, muitos pontos foram “amarrados” em prol da imagem do governo. Mas na avaliação popular, sobretudo, nas camadas menos abastarda, a situação é preocupante, pois estes são os principais nichos políticos de Lermen. Para completar estamos em ano eleitoral. Darci deverá assumir o papel de ser o maior cabo eleitoral de Helder Barbalho na região de Carajás. Portanto, de agosto até fim de outubro (levando em consideração o irrefutável 2º turno), o prefeito deverá ter uma agenda político-eleitoral intensa. É dessa forma, com fortes índices de improviso que a gestão Lermen segue. Já são 3384 dias (duas gestões anteriores somadas a atual, com a contagem encerrada na data de publicação deste texto) que Darci é o mandatário municipal. Quase 1/3 do tempo de emancipação política de Parauapebas, Lermen esteve sentado na cadeira mais importante da ainda “capital do minério”. Não cabe mais improviso, até porque, Parauapebas nos últimos anos teve a sua escala de demandas triplicada. Os seus mais de 200 mil munícipes não merecem o fomento da apologia à incompetência de muitos.