Foram 479 dias ocupando o segundo cargo mais importante na hierarquia municipal (considerando o prefeito no cargo). Edson Luiz Bonetti, através de uma carta endereçada ao prefeito Darci Lermen, comunicou o seu afastamento de sua função de Chefe de Gabinete do prefeito na última terça-feira (24). A justificativa apresentada foi “por motivos pessoais”. Tal recurso é muito usado no meio político, tornou-se um eufemismo, um procedimento praxe para o desligamento de um cargo importante. É uma forma de amenizar uma possível crise, o desgaste da imagem de quem sai ou até mesmo, os impactos da decisão.
O que se sabe na prática e que se acompanhou desde o início do governo, foram o descompasso no gerenciamento do gabinete e a falta de trato no que diz respeito às articulações políticas, ofício quase concentrado na figura do chefe de gabinete do Poder Executivo. A permanência no cargo estava muito mais ligada à confiança junto ao mandatário do que – de fato – à reconhecida competência no gerenciamento de uma complexa função.
Bonetti não “caiu de paraquedas” no cargo. Foi superintendente do Incra, ligado ao grupo da ex-deputada Bernadete Ten Caten, portanto, possui experiência gerencial. Mas não conseguiu desenvolver um bom trabalho à frente do gabinete municipal. A confiança e companheirismo perante ao chefe do Executivo já não eram suficientes para mantê-lo no cargo. Diversos vereadores reclamavam, secretários municipais questionavam a morosidade na condução gerencial do gabinete, e de forma geral, os que também procuravam o alcaide municipal. A troca do chefe de gabinete é o sinal maior que a gestão não anda bem, que a condução política é deficiente. Isso é claro, evidente na atual gestão (virou consenso geral).
O novo chefe de gabinete da prefeitura de Parauapebas será José Orlando Andrade (adjunto da pasta). O referido já ocupou por três vezes o cargo de adjunto do gabinete do prefeito, foi também adjunto da Assistência Social e também secretário municipal de Obras, nas gestões passadas de Darci Lermen. Orlando tem bom “trânsito” na política da “capital do minério” e deverá restabelecer as articulações políticas, gerenciamento interno (relações institucionais entre secretarias e autarquias) e imprimir uma nova dinâmica de trabalho dentro do gabinete.
O alcaide sabe que se faz necessário promover mudanças. A gestão está “travada”, sem o ritmo esperado. A insatisfação é geral. Fomentar a competência gerencial é o primeiro passo para restabelecer um bom funcionamento da máquina municipal. Os acordos de campanha não podem continuar sendo o “freio de mão puxado” da atual gestão. A complexidade no gerenciamento de Parauapebas não permite – como disse em outros textos – apologia à incompetência. Darci sabe disso, mas – bem ao seu estilo político – gosta de “soltar a corda” para acompanhar o seu limite de tensão. Esse perfil tem um custo, Lermen sabe bem disso.
Leia abaixo o comunicado enviado pela Ascom ao blog.
COMUNICADO À IMPRENSA
A Prefeitura de Parauapebas comunica que o chefe de Gabinete, Edson Luiz Bonetti, pediu afastamento do cargo na última terça-feira, 24, quando entregou carta ao prefeito Darci Lermen, na qual justifica sua saída por motivos pessoais.
Com o afastamento, atendido e compreendido pelo gestor municipal, o cargo passa a ser exercido por José Orlando Menezes Andrade, que já ocupou por três vezes o cargo de adjunto do gabinete do prefeito, adjunto da Assistência Social e também o de secretário de Obras de Parauapebas.