Governo Darci Lermen: o tempo passa e a pressão aumenta

Encerramos o segundo mês da nova gestão municipal em Parauapebas. O tempo corre e com ele o período de “quarentena” vai caminhando para o seu fim. O referido espaço temporal é necessário e justo para que os novos ocupantes do Palácio do Morro dos Ventos possam promover mudanças, arrumação da casa, dando início ao cumprimento das promessas que foram firmadas no período de campanha eleitoral. 

Só que o tempo de espera de cada um é diferente. Depende das necessidades particulares. Para uma pessoa desempregada a “quarentena” não dura nem 72 horas. Da mesma forma aos que trabalharam ou tiveram seus pedidos prometidos em campanha, e mais ainda agora com a vitória nas urnas.

Exemplo prático desta questão foi o ocorrido no mês passado em frente ao Serviço Nacional de Emprego (Sine), localizado na rua 11 no bairro Cidade Nova. Diversos desempregados que diariamente procuram aquele órgão reclamam da desordem no atendimento e na escassez de oportunidades oferecidas. Segundo fontes, a mesma escassez acontece na prefeitura. O corre-corre em busca de contratação pelo poder municipal já diminuiu, os corredores estão quase vazios, bem diferente dos primeiros dias em que não se conseguia adentrar ao prédio, tamanha era a legião de pessoas em busca de “um lugar ao sol”.

O prefeito Darci Lermen já percebeu que a geração de emprego, as oportunidades (mote de sua campanha) será o maior desafio de sua gestão, a terceira na capital do minério. O mandatário municipal sabe também que neste seu primeiro ano, com orçamento apertado, não há muito o que se fazer. A PMP não tem como gerar todas as oportunidades de ocupação que a “capital do minério” precisa. Pelo contrário, a capacidade de contratação reduziu consideravelmente. O setor privado ainda não se aqueceu, o que cria uma grande inércia dentro dos limites territoriais parauapebenses, deixando uma considerável massa de desocupados.

Justiça seja feita. A crise econômica é nacional. Mas no sopé da cordilheira de ferro ela é maior, justamente pelo município ter maior relação comercial com a demanda internacional, em particular a China, que enfrenta grave retração econômica, deixando de ter o crescimento de seu PIB na casa dos 10%, como ocorria costumeiramente há uma década. A pujança chinesa na economia era um dos principais alicerces para a manutenção de um período áureo em Parauapebas, em que a ostentação ditava o ritmo de crescimento do município.

Como possivelmente os saudosos patamares de crescimento não deverão retornar (a retomada de crescimento deverá ocorrer pelo próprio ciclo econômico, mas abaixo dos níveis estratosféricos que foram registrados em um passado recente), Parauapebas vai se acostumando a uma nova realidade, sem tanta ostentação de antes.

O tempo passa e a pressão social contra o governo Darci Lermen só aumenta. Diversos setores, categorias, fazem manifestações pela cidade, demonstrando publicamente o descontentamento com o cenário econômico e social que a “capital do minério” vive. Esse movimento reivindicatório no varejo tende de aumentar. Justiça seja feita, a crise não é de responsabilidade do novo mandatário municipal. Mas o prefeito deverá ter que carregá-la nas costas em breve e pelos seus 48 meses de mandato.

O tempo é inimigo do governo da oportunidade. O mote da campanha que foi o motor propulsor da vitória nas urnas é, agora, o principal obstáculo e peso que a nova gestão irá carregar. Eleição é uma coisa, gestão é outra. Pelo visto Darci Lermen já percebeu bem isso. 

Henrique Branco

Formado em Geografia, professor das redes de ensino particular e pública de Parauapebas, pós-graduado em Geografia da Amazônia e Assessoria de Comunicação. Autor de artigos e colunas em diversos jornais e sites.

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