Governo do Pará consolida protagonismo na primeira semana da COP30 e lança Vale Bioamazônico como vitrine da nova economia da floresta

Durante a primeira semana da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), realizada de 10 a 14 de novembro, em Belém, o Governo do Pará assumiu papel central nas discussões climáticas internacionais. O Estado apresentou iniciativas estratégicas, lançou programas estruturantes, firmou cooperações com parceiros globais e conduziu debates que reforçam uma transição climática baseada na floresta viva e no fortalecimento da bioeconomia. O grande destaque foi o lançamento do Vale Bioamazônico, apresentado como a principal iniciativa do Pará na conferência até o momento e nova marca da economia de base florestal.

Na abertura oficial, o governador Helder Barbalho enfatizou que o Pará chega à COP30 com entregas concretas e uma estratégia sólida para a construção de uma economia de baixo carbono. Ele destacou o Plano Amazônia Agora, o Plano Estadual de Bioeconomia (PlanBio) e a implantação do Sistema Jurisdicional de REDD+ como pilares de uma governança climática estrutural, capaz de reduzir o desmatamento, gerar empregos verdes e impulsionar novas cadeias produtivas sustentáveis.

Esse movimento se materializa em estruturas como o Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia, o Museu das Amazônias e o Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá, que reforçam a base científica e tecnológica de um novo ecossistema de negócios verdes no Estado.

A dimensão social da conferência também marcou a semana. A jovem paraibana Mavi Brilhante, 12 anos, ativista e embaixadora do Instituto Limpa Brasil, destacou a pluralidade da COP na Amazônia. “Vivenciar a COP na Amazônia tem sido especial. Ver pessoas do mundo todo vindo para ouvir nossa gente é inspirador. Esta é realmente a ‘COP do povo’, reunindo indígenas, diferentes culturas e a riqueza brasileira que está ajudando a construir uma conferência histórica em Belém”, disse.

Vale Bioamazônico: símbolo da nova economia da floresta

Principal anúncio da semana, o Vale Bioamazônico foi lançado pelo governador Helder Barbalho na Blue Zone da COP30. A iniciativa consolida uma nova matriz econômica para o Pará, estruturada na bioeconomia, na ciência e na valorização da floresta viva, com resultados já materializados no Parque de Bioeconomia da Amazônia.

O Vale se organiza como um grande ecossistema de inovação, integrando equipamentos e políticas já em andamento: o Parque de Bioeconomia e Inovação, o Museu das Amazônias, o PCT Guamá e programas de incentivo à pesquisa, à educação profissional e à formação de mão de obra qualificada, conectando governo, universidades, startups e empresas. O foco é a biotecnologia, a inclusão social e a chamada nova economia da floresta, com geração de renda nos territórios amazônicos.

O alcance internacional da iniciativa foi reforçado com a assinatura de um memorando de entendimento entre o Pará e a Califórnia, conectando o Vale Bioamazônico ao ecossistema de inovação do Vale do Silício. O acordo prevê cooperação em prevenção e resposta a incêndios florestais, monitoramento da saúde das florestas e uso de tecnologias para gestão do fogo e soluções de baixo carbono.

A visita do ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, ao Parque de Bioeconomia da Amazônia, em Belém, reforçou o protagonismo do Estado. No espaço, ele conheceu projetos que unem pesquisa científica, startups, empreendedores, povos indígenas e comunidades tradicionais em torno de novos modelos de negócios baseados na sociobiodiversidade.

Parcerias, financiamentos e instrumentos para a transição climática

A semana também foi marcada por acordos estratégicos que fortalecem a transição climática no Pará. O governador Helder Barbalho assinou cooperação com a Hydro para ampliar a capacidade operacional do Programa Estadual de Prevenção e Combate às Queimadas e Incêndios Florestais (PEPIF). O compromisso, com vigência de 36 meses, prevê doação de equipamentos, apoio logístico, capacitação de brigadas e ações alinhadas à Política Estadual sobre Mudanças Climáticas.

Como gesto simbólico e permanente, foi apresentado o Banco da Paz, estrutura de alumínio de baixo carbono produzida no Pará, que ficará como legado urbano em Belém, estimulando o diálogo e a reflexão sobre sustentabilidade.

Na agenda de bioeconomia comunitária, o Governo do Estado assinou os contratos da segunda edição do Programa Inova Sociobio, com investimento de R$ 3,4 milhões para apoiar 20 novos empreendimentos de base comunitária. No mesmo ato, Helder Barbalho anunciou novo aporte de R$ 3,5 milhões, ampliando o programa para comunidades indígenas, quilombolas, extrativistas e produtores rurais, conectando geração de renda, conservação da floresta e justiça social.

Em escala regional, o Consórcio Interestadual da Amazônia Legal lançou a Estratégia Amazônia 2050 e a plataforma CAL 2050, base inédita de dados ambientais e territoriais para orientar políticas públicas de longo prazo. A ferramenta reúne informações geoespaciais, climáticas e de uso da terra, permitindo acompanhar desmatamento, regeneração florestal, emissões e investimentos.

O Pará também avançou na consolidação de seu Sistema Jurisdicional de REDD+ ao entregar ao padrão internacional ART TREES a documentação sobre a redução de 38 milhões de toneladas de CO₂ em 2023, passo decisivo para a certificação de créditos de carbono em escala estadual. Além disso, firmou com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) a primeira garantia multilateral do país voltada à restauração florestal.

Governança amazônica, cidades e legado para os territórios

Na presidência do Consórcio Amazônia Legal, o Pará entregou o Hub Amazônia na Blue Zone, espaço oficial dos nove estados amazônicos na COP30. O local se consolidou como ponto de articulação política e técnica, com debates sobre desenvolvimento sustentável, educação ambiental, comunicação, segurança climática e valorização das populações amazônidas.

A governança compartilhada marcou encontros entre governadores, prefeitos e autoridades de vários países, na Estação das Docas e em outros espaços da cidade. O governador Helder Barbalho ressaltou o papel dos governos locais na implementação das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e na construção de cidades resilientes, tema também abordado em sua participação em eventos do setor produtivo, como a SB COP – Diálogo Empresarial para uma Economia de Baixo Carbono, da CNI.

A vice-governadora Hana Ghassan também integrou agendas setoriais, incluindo lançamentos e programas ambientais que reforçam a transversalidade da ação climática no Estado.

No eixo territorial, o lançamento da maior trilha sinalizada da América Latina, ligando Belém a Viseu e atravessando unidades de conservação e territórios quilombolas, mostrou como a agenda climática se traduz em turismo de natureza, geração de renda e valorização cultural.

A percepção internacional sobre Belém e o Pará foi expressa pelo embaixador de São Tomé e Príncipe em Portugal e no Brasil, Esterline Género: “Queria dar também os parabéns ao Brasil, ao Governo do Pará e a todos os brasileiros em particular por esta organização tão exemplar, bonita e que nos enche de orgulho. Achei Belém fantástica, me senti em casa: o clima, as pessoas, as iguarias, o comer, tudo muito bom e muita boa gente.”

Ao fim da primeira semana da COP30, o balanço evidencia que o Pará não apenas acolhe a conferência, mas se afirma como laboratório vivo de soluções climáticas. Do Vale Bioamazônico às parcerias internacionais, das garantias financeiras à bioeconomia comunitária, o Estado demonstra que é possível unir floresta viva, inovação, desenvolvimento e bem viver para quem vive na Amazônia.

Por Arthur Sobral (SECOM)

Imagem: FGV

Henrique Branco

Formado em Geografia, com diversas pós-graduações. Cursando Jornalismo.

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