Imerys coleciona violações ambientais em produção de caulim no Pará

O caulim é uma argila branca constituída do mineral caulinita, usado nas indústrias de papel e revestimentos, cerâmica, fibra de vidro, cimento, borracha, tintas, medicamentos, cosméticos e fertilizantes. O Pará é o maior produtor e exportador nacional. A principal empresa do setor é a francesa Imerys. As atividades da subsidiária brasileira Imerys Rio Capim Caulim (IRCC) estão associadas a pelo menos 15 incidentes ambientais, de diferentes proporções, nos últimos 20 anos em Barcarena.

É quase impossível esconder um vazamento de caulim. Rios e igarapés são tingidos imediatamente por uma substância leitosa, que compromete o uso da água para consumo humano, lazer e pesca. O episódio mais recente, em 6 de novembro de 2022, ocorreu próximo ao igarapé Maricá, manchou as águas do rio Murucupi e chegou até a praia do Conde, no distrito onde vive Kezia.

A Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico (Semade) de Barcarena coletou amostras de água para avaliar os danos daquele vazamento. A reportagem tentou contato com a Semade, mas não obteve retorno. O Instituto Evandro Chagas (IEC), vinculado ao Ministério da Saúde, informou ter sido notificado de que as amostras estão sob análise do Laboratório Central do Estado do Pará (LACEN), mas o resultado ainda não está disponível.

A Imerys, por meio das empresas IRCC e Pará Pigmentos SA, opera uma fábrica, 12 barragens de mineração, uma rede de minerodutos e um porto privado em Barcarena. Todas as barragens têm dano potencial associado alto, segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM). O indicador avalia os prejuízos econômicos, sociais, ambientais e as perdas de vidas humanas que poderiam ocorrer em caso de rompimento, vazamento, infiltração no solo ou mau funcionamento de uma barragem, independentemente da probabilidade de ocorrência.

Embora menos tóxico e não cancerígeno, ele está presente em alta concentração no caulim e pode comprometer o funcionamento do estômago e dos rins. O que interessa à Imerys, no processo de beneficiamento do minério, é obter o chamado “pigmento branco”. Depois que ele é isolado, os demais elementos que compõem o caulim são quase todos descartados e depositados como rejeito em bacias de sedimentação.

Barcarena foi palco de 29 incidentes ambientais neste século, considerando o conjunto das atividades econômicas. Entre os mais graves, estão os vazamentos de rejeitos de caulim de 2007, 2014 e 2016 e a explosão de 2021, envolvendo a Imerys, e o transbordamento de uma das bacias da mineradora Hydro Alunorte, de capital norueguês, que contaminou rios e igarapés próximos à maior refinaria de bauxita do mundo e impactou 80 comunidades.

Para ler a matéria na íntegra acesse (Aqui).

Com informações de Observatório da Mineração – matéria do repórter Daniel Giovanaz (adaptado pelo Blog do Branco).

Imagem: reprodução Internet. 

Henrique Branco

Formado em Geografia, com diversas pós-graduações. Cursando Jornalismo.

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