Neste último sábado (02), no auditório João Batista, situado nas dependências da Assembleia Legislativa (Alepa), o PSDB paraense promoveu a sua convenção estadual. Em meio ao tiroteio verbal que vem ocorrendo no ninho tucano, nutrido por decisões e ações tomadas pelo governador Simão Jatene, ocorreu o referido encontro partidário. Os tucanos não se bicaram e falaram todos a mesma língua, sem exceção. Tanto Pioneiro, quanto Nilson Pinto reafirmaram a liderança de Jatene e defenderam a união em torno de um projeto maior.
Todos estavam de olho no prefeito de Ananindeua, Manoel Pioneiro, um dos mais críticos e que poderia quebrar o acordo de “coexistência pacífica” firmada nos bastidores. Mas tudo transcorreu conforme o combinado. Todos defenderam a unidade partidária em prol de um projeto maior. As divergências são normais, e deverão ser resolvidas o mais rápido possível, segundo o presidente estadual reeleito da legenda, o senador Flexa Ribeiro.
Política é uma arte em diversos sentidos. Dentre elas o de persuadir, com verdade ou mentiras. Apesar da aparente “normalidade”, o ninho tucano não está unido como se fez parecer publicamente. A decisão de Jatene em apoiar Márcio Miranda (DEM), aliado, mas fora do reduto tucano, criou grandes cisões internas. No campo proporcional, as divergências continuam, pois, apesar de não ser oficial, Jatene trabalha fortemente para tornar a sua filha Izabela (e possível herdeira política) deputada federal, o que desagrada diversos nomes tucanos que disputarão à reeleição ou que irão testar seus nomes para a bancada federal paraense.
Ao mesmo tempo, em meio às incertezas, indefinições e desapontamento de alguns, os tucanos sabem que só se manterão no poder (mesmo que o governador seja de outro partido da base) se – apesar das divergências – estiverem “unidos”, ou, pelo menos, em prol de um projeto de poder amplo, acima dos interesses políticos pessoais.
Independente da crise, a decisão (se for mesmo confirmada na prática em um futuro próximo) de Simão Jatene na escolha de Márcio Miranda (DEM) para sucedê-lo, é – sem dúvida – a melhor opção. Os nomes que estavam almejando serem os escolhidos por Jatene, entenderão que Miranda é o nome mais competitivo para disputar o governo do Pará contra Helder Barbalho.
Muitos desdobramentos ainda ocorrerão no ninho tucano paraense, que, apesar das aparências de normalidade, vive grave crise interna. A dinastia tucana chegará no fim com a escolha de Miranda, resta saber quem dentro do ninho, em caso de vitória nas urnas ao Palácio dos Despachos, irá sobreviver?