Com o desgaste natural do PSDB (em 2018 completará duas décadas no comando da política paraense, 16 deles de forma sequencial), Simão Jatene foi buscar uma opção fora do ninho tucano. Na semana passada o Instituto de Pesquisas Doxa, divulgou os resultados referentes a terceira pesquisa ao governo do Pará. Nas três, o ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho (PMDB) lidera. Nas duas primeiras consultas, não havia uma definição em relação ao nome que poderia representar o atual grupo político que dirige o Palácio dos Despachos. Por isso, vários nomes foram apresentados, o que pulverizava as indicações de tendência de voto.
Há duas semanas o governador Simão Jatene resolveu definir publicamente a questão da sua sucessão. Em Santarém, oeste do Pará, em cumprimento de agenda de governo, afirmou aos jornalistas locais que o presidente da Assembleia Legislativa, Márcio Miranda (DEM) iria disputar o governo do Estado. A notícia logo se espalhou e criou grande reboliço no tabuleiro político paraense, provocando alvoroço dentro do ninho tucano, que só foi contornado (pelo menos publicamente na convenção estadual do partido).
Na pesquisa divulgada pela Doxa (instituto de pesquisa que se gaba de manter bem próximo da realidade seus trabalhos de pesquisas, o que ficou claro na prática nas últimas eleições), Helder Barbalho subiu nove pontos. Na primeira, publicada em maio, o ministro apresentava 21,7% das intenções de voto. Na segunda, em julho, atingiu 30%, e agora, em novembro chegou a 30,1%.
No caso de Miranda, o presidente da Alepa tinha em maio apenas 2,1% das intenções de voto. Em julho, na segunda pesquisa, já apresentava 4,9%. Na divulgação mais recente o democrata aparece na segunda posição com 12,2%. Em grau comparativo, tanto Helder, quanto Miranda tiveram quase a mesma margem de crescimento. A questão é que o ministro paraense parece ter atingido (pelo menos temporariamente) o seu teto, ou seja, já apresenta dificuldades em manter a curva de crescimento. Por outro lado, Márcio Miranda com baixo índice de rejeição, tende a crescer. A pesquisa apontou que Helder Barbalho atinge 20,1% de rejeição. Márcio Miranda dobrou o seu índice de entrevistados que não votariam nele, atingindo 3,8%, e esse índice ainda poderá subir.
Apesar de não ser do PSDB, não se configurar internamente dentro do ninho tucano, Miranda sabe que deverá ter considerável índice de rejeição, pois seu nome estará atrelado ao governo do PSDB, claramente com a imagem desgastada, após duas décadas de gestões, com 16 anos de forma ininterrupta.
Segundo dados da Doxa, a pesquisa foi realizada entre os dias 26 e 29 de novembro com uma amostra de 1.985 entrevistas, aplicada nas seis mesorregiões do estado, abrangendo 45 municípios, tendo como Margem de Erro de 3,5% e o Intervalo de Segurança de 95%. As outras candidaturas juntas somam 17% (Edmilson Rodrigues (Psol), Paulo Rocha (PT) e Úrsula Vidal (Rede).
Com a entrada do novo ano, proximidade com a disputa eleitoral, novas pesquisas já deverão ter sido planejadas e em seguida executadas. Pelo visto, o pleito de 2018 ao Palácio dos Despachos deverá ser polarizado entre o candidato governista (pela primeira vez, desde 1994 que o PSDB não terá um candidato próprio) e o PMDB novamente com Helder Barbalho. O favoritismo do ministro parece ter sido suprimido. A disputa será acirrada e não há nada definido.