Negacionismo virou NEGOcionismo

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Não é novidade que o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ostenta na ampla maioria de seus integrantes, inclusive o próprio presidente, fomento ao negacionismo de forma geral. A chamada ala ideológica, é a que mantém essa postura de negar fatos, ações e até a Ciência, com objetivo de retroalimentar o nicho bolsonarista mais efervescente.

O patamar da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, mudou, pois as denúncias sobre um esquema de corrupção envolvendo a compra da vacina indiana Covaxin, divulgadas pelo deputado Luís Miranda (DEM-DF) atingem em cheio governo do presidente Jair Bolsonaro. O deputado e o irmão, Luís Ricardo Fernandes Miranda, que era chefe de importação do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, prestaram depoimento na CPI nesta sexta-feira (25/6).

Como esperado, a sessão foi tumultuada. Documentos foram apresentados e confirmam, por exemplo, que o presidente da República prevaricou, ou seja, faltou ao cumprimento do dever por interesse ou má-fé. Na prática, Bolsonaro sabia das graves denúncias, porém, não tomou providências. A sessão de ontem, 25, colocou no centro do processo o deputado Ricardo Barros (PP) um dos líderes do chamado “Centrão” e também líder do governo na Câmara dos Deputados, acusado de ser o agente que pressionou pela compra da Covaxin sem autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e com ágil de 1000% no valor da dose, muito mais cara, por exemplo, do que a da Pfizer.

O deputado Luís Miranda provou que esteve reunido com o presidente Bolsonaro cerca de um mês após o contrato ter sido assinado. Apesar do aviso, o governo seguiu com o negócio em que prevê pagar pelo imunizante um preço 1.000% maior do que o anunciado pela própria fabricante seis meses antes.

Enfraquecimento Político de Bolsonaro

Todos os quadrantes de Brasília sabem que os pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro somam 121. E que nenhum foi aceito nem pelo ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (sem partido) e nem pelo atual, Arthur Lira (PP) por não “ter condições políticas” para que o processo ocorra. Todavia, o não aceite está relacionado ao modus operandi do Palácio do Planalto que opera a maior compra de votos já visto no Congresso Nacional, tendo como base de sustentação o “Centrão”. Porém, o caso Covaxin poderá alterar essa questão. Como ficará a relação, por exemplo, do grupo com o governo, com os desdobramentos sobre o deputado federal Ricardo Barros? O enfraquecimento político do presidente ocasionará maior barganha do Centrão sobre o Palácio do Planalto?

O que se tem hoje de certeza é que o negacionismo, talvez, tenha sido uma grande cortina de fumaça. Ele esconde os bastidores que, agora, veio à tona: negocionismo.

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