Antônio Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento e ex-deputado federal, morreu na madrugada desta segunda-feira (12), aos 96 anos. Foi um dos mais influentes economistas do país, além de ter sido o mais jovem ministro da Fazenda a ocupar o cargo. Ele tinha 38 anos quando assumiu a pasta, em 1967, e comandou a economia nos governos militares de Costa e Silva e Médici. Foi um dos responsáveis pelo chamado “milagre econômico” e também um dos ministros que assinaram, em 1968, o Ato Institucional número 5, o AI-5, o mais repressivo da ditadura militar.
O ex-ministro também ficou conhecido por incentivar o investimento estrangeiro no Brasil e as exportações do país. É dessa época uma de suas frases mais emblemáticas: “É preciso fazer o bolo crescer para depois dividi-lo”. Foi também ministro do Planejamento entre 1979 e 1985, ministro da Agricultura (1979) e embaixador do Brasil na França (1975-1977). Após a redemocratização, permaneceu como figura de destaque nos meios econômico e político. Foi conselheiro de presidentes da República e de empresários.
Após o fim do regime militar, participou das eleições em 1986 como candidato à Câmara dos Deputados. Foi reeleito outras quatro vezes consecutivas, permanecendo na Câmara dos Deputados até 2007. Depois disso atuou no campo de assessoramento e produção de análises econômicas para empresas, partidos, governos e políticos, após ter criado a empresa Ideias, que prestava consultoria.
Delfim sempre foi polêmico, com afirmações fortes, porém quase sempre certeiras. De fato e de direito, era respeitado por todos, mesmo sendo fortemente ortodoxo em suas medidas, que estavam muito mais voltadas ao controle das contas e gastos do que qualquer direcionamento social. Exemplo disto é a frase mais famosa dita por ele e replicada neste texto. Conseguiu um feito: ser ouvido e ter influência em políticos de Esquerda e Direita. Alguns afirmam que seu falecimento encerra um ciclo na economia brasileira.
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