O extrato das eleições 2020

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Com o fim do processo eleitoral, geralmente o público em geral centraliza suas atenções nos candidatos eleitos. Todavia, ao se divulgar o último boletim de apuração, a partir deste momento, se constrói um outro mapa, este político-eleitoral: suas mudanças, perfil, presença de partidos e por ai vai…

A antipolítica e a Extrema Esquerda e Direita perderam 

As eleições de 2020 mostraram claramente uma mudança de perfil em relação a 2018. O eleitorado, de forma geral, votou mais em partidos de Centro, fugindo das extremidades, em especial a de Direita, que parecia que sairia maior, tendo como base a eleição passada. De modo geral, a chamada “antipolítica” (promoção de outsides, ataque ao sistema, a chamada “velha política”) perdeu espaço.

Deslocamento do pêndulo para o Centro

Nas eleições municipais, o “pêndulo” se deslocou rumo ao Centro; ou se preferir, ele se deslocou para a Direita, ou Centro-Direita, mas não para a extrema Direita, como muitos analistas apontavam. Por outro lado, a Esquerda perdeu, e teve o pior desempenho de sua história (consulta aos números comparativos do Tribunal Superior Eleitoral). Até a Centro-Esquerda foi mal. Quem avançou? Direita e Centro-Direita.

Bolsonaro saiu derrotado. Mas isso pouco muda em relação a 2022

Candidatos que o presidente apoiou e que eram próximos a ele, não se elegeram. Dos seis que disputavam capitais, apenas dois disputam o segundo turno, e ambos com reais chances de derrota. Portanto, o saldo pode ser zerado. Isso sem falar em centenas de candidatos a vereador que o mandatário da nação pediu votos, poucos se elegeram. Entre os casos mais conhecidos está a “Wal do Açaí” que tirou a referência da fruta e adotou Bolsonaro, não obtendo êxito nas urnas.

Outro exemplo foi a tentativa de Rogéria Bolsonaro, ex-mulher e mãe dos três filhos políticos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), de voltar à Câmara Municipal do Rio, acabou frustrada mais uma vez. Ela obteve apenas 2.034 votos, ficando na 229ª posição. O seu segundo filho, chamado “02”, Carlos Bolsonaro (Republicanos), que na última eleição foi o vereador mais votado da cidade do Rio de Janeiro, agora foi o segundo. Sua votação teve uma queda de 34% em comparação com a última eleição. Em 2016, foram 106.657 votos. Desta vez, 71 mil (2,69% dos votos válidos).

Tal desempenho ruim, pode definir, em 2022, o fim de Jair Bolsonaro? Claro que não. Os que venceram – em sua ampla maioria – estão com o presidente. Do seu campo de apoio, quem perdeu foram os extremistas (negacionistas, fascistas). Portanto, Bolsonaro perdeu pessoalmente (ele), mas o Bolsonarismo como um todo, não. O antibolsonarismo (Esquerda e o campo progressista) como um todo, também perdeu.

Panorama comparativo dos partidos em relação ao quantitativo de vereadores

PARTIDO 2016 2020 VARIAÇÃO
MDB 7560 7335 – 3%
PP 4743 6346 + 34%
PSD 4650 5694 + 22%
PSDB 5364 4377 – 18%
DEM 2905 4341 + 49%
PL 3019 3467 + 15%
PDT 3770 3441 – 9%
PSB 3635 3029 – 17%
PT 2815 2665 – 5%
REPUBLICANOS 1621 2601 + 60%
PTB 3064 2474 – 19%
CIDADANIA 1677 1585 – 5%
PODEMOS 1642 1528 – 7%
PSC 1528 1510 – 1%
SOLIDARIEDADE 1438 1348 – 6%
PSL 878 1205 + 37%
AVANTE 489 1054 + 116%
PV 1522 805 – 47%
PROS 987 754 – 24%
PATRIOTA 1139 719 – 37%
PCdoB 1121 694 – 38%
PTC 573 220 – 62%
PRTB 391 220 – 44%
PMN 526 200 – 62%
REDE 180 144 – 20%
DC 419 123 – 71%
PSOL 56 89 + 59%
PMB 216 46 – 79%

Fonte: TSE.

Representação Política

Apesar de apresentar redução de 3% no número de vereadores, o MDB manteve a liderança no país, com mais de 7,3 mil representantes eleitos. Houve mudanças, contudo, nas posições seguintes. O PSDB, que terminou a eleição de 2016 em segundo lugar com a maior bancada de vereadores, desta vez ocupa a quarta colocação, com queda de 18%.

A segunda colocação dos partidos com mais vereadores agora é do PP, com 6,3 mil eleitos. A legenda registrou aumento de 34% no comparativo com 2016, quando estava na terceira posição. Já a terceira colocação agora é do PSD, com 5,6 mil vereadores. Em 2016, o partido ocupava a quarta posição em número de vereadores.

No grupo dos grandes partidos, PT (-5%), PDT (-9%) e PSB (-17%) também apresentaram queda no total de vereadores. Já o DEM cresceu em 49% e ocupa agora a quinta posição com a maior bancada de vereadores. O PSL passou de 878 vereadores em 2016 para 1,2 mil, aumento de 37%. Outros dados sobre os vereadores eleitos em 2020: a idade média é 44 anos, os mais novos têm 18 e o mais velho tem 90 anos. Casados são maioria (61%); solteiros são 31%.

Apenas 16% dos vereadores eleitos são do sexo feminino. São pouco mais de 9 mil vereadoras para mais de 48 mil vereadores nas Câmaras espalhadas pelo Brasil. Mais de 900 Casas não terão nem uma mulher sequer. A maior parte dos vereadores eleitos no Brasil continua sendo branca: são 53,5%, ou mais de 31 mil. A proporção de negros, que compreende os vereadores que se declaram pretos e pardos, é de 44,7%, ou quase 26 mil. Indígenas e amarelos eleitos não chegam a 1% do total.

Mais de 21 mil vereadores eleitos têm o ensino médio completo. Eles correspondem a 37% de todos os eleitos. Em seguida, estão os que possuem ensino superior completo: são mais de 17 mil (30%). Os vereadores eleitos que não completaram o ensino médio somam 28%. Do total, 21% dos eleitos já declaravam “vereador” como ocupação durante o registro da candidatura, um indicador da taxa de reeleição de vários deles. Depois vem os servidores públicos municipais (9%), agricultor (9%) empresário (6%) e comerciante (5%).

Com informações do TSE e Geografia Geral (conta no Instagram). 

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