O fator Sabino

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O deputado federal Celso Sabino de Oliveira, parece ser hoje o único político dentro do ninho tucano que poderá ter exito na disputa eleitoral no âmbito municipal de uma grande cidade, a ser realizada no próximo ano, caso se lance. E trato da questão justamente porque o referido tornou-se a salvação política do PSDB no Pará, depois da última eleição, que culminou na perda do governo do Pará, depois de 20 anos, 16 deles de forma ininterrupta. Além da derrota eleitoral, o PSDB paraense hoje está rachado.

A questão já foi tratada aqui, neste blog, logo após a vitória de Helder Barbalho, em que ficou claro que o PSDB iria passar por um período “pesado”, e que teria pouco tempo para juntar os cacos e voltar a parear politicamente com o MDB. Hoje, o PSDB ainda é a segunda legenda em números de prefeituras no Pará (32), atrás apenas do MDB (42). O partido gerencia atualmente os dois maiores colégios eleitorais do Pará (Belém e Ananindeua), mas corre serio risco de perdê-los, em 2020. O desgaste dos tucanos no Pará é grande. O PSDB periga de repetir o mesmo processo ocorrido no PT, em 2016, em que os petistas viram o partido desidratar eleitoralmente. Hoje, por exemplo, no Pará, o PT só governa em sete municípios. Já chegou a ter 29 prefeituras na época que a legenda estava no comando do Governo do Pará.

Helder já iniciou (o que foi abordado recentemente por este blog) o processo de desconstrução do PSDB, e o faz através da cooptação de seus membros. O governador sabe que há grande racha interno no partido, ocasionado pelas decisões do ex-governador Simão Jatene. Na questão do parlamento estadual, não há, por exemplo, oposição – mesmo da bancada do PSDB – ao governador, que hoje controla o Poder Legislativo.

Helder sabe que a maior estrela tucana hoje no Pará é o deputado federal Celso Sabino. Isso é incontestável, baseado em atuações elogiáveis como deputado estadual, e vem reconhecidamente tendo bom desempenho em Brasília. Sabino é, sem dúvida, hoje o melhor quadro do PSDB do Pará, e Helder sabe disso. A relação entre ambos é boa, e se mantém além dos laços republicanos.

Sabino se deixará levar pela relação com o governador? Ou chamará para si a responsabilidade de hoje ser o melhor quadro político tucano no Pará, colocando-se, por exemplo, como opção na disputa da Prefeitura de Belém? Neste caso, sabe-se que a situação do PSDB na capital do Pará é muito complicada. E isso ficou comprovado na disputa pelo governo do Pará, em que os tucanos perderam por considerável diferença – não só na capital – na Região Metropolitana de Belém, antes (como tratado por diversas vezes por este blog) um reduto eleitoral tucano. Em 2014, a RMB, e em especial a capital, fizeram a diferença favoravelmente a Jatene, garantindo a sua reeleição. Naquela disputa Helder havia vencido o primeiro turno.

Sabino mostra-se além do elevado conhecimento técnico, sobretudo, na área tributária (haja vista que ele é servidor concursado da Secretária de Fazenda), um habilidoso político. A questão é saber se ele aceitará se lançar ao Palácio Antônio Lemos, uma ponte a disputa estadual, em 2022. E o prefeito Zenaldo, comunga da ideia? É ele que decidirá quem irá sucedê-lo? Ou a nova executiva do partido, sob a presidência do deputado federal Nilson Pinto, decidirá?

A verdade é que a situação do PSDB nos dois principais colégios eleitorais do Pará é dramática. A chance de perder as prefeituras de Belém e Ananindeua, é enorme. O que poderá diminuir muito a musculatura político-eleitoral do partido. Enquanto isso, do outro lado, em situação confortável está o MDB, que controla a máquina estadual, e deverá aumentar ainda mais a sua musculatura política nas eleições municipais do próximo ano, está tranquilo.

O governador definiu como prioridade a conquista dos dois maiores colégios eleitorais do Pará, além das cidades médias. Em Ananindeua, por exemplo, a questão está fechada e deverá ser exitosa. Em Belém, a questão ainda não foi fechada. Helder – dentro do seu tabuleiro político – possui diversas opções, e deverá ter paciência para escolher o melhor nome.

No caso de Belém, o “Fator Sabino”, faz sombra ao governador. 

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