O fator saudade na política

A combinação de duas pesquisas divulgadas nos últimos dias é reveladora dos motivos pelos quais o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se mantém à frente das intenções de voto para 2022. Os levantamentos do IPEC e do Datafolha, colocam o petista como o grande favorito. Quando se considera apenas os votos válidos, o segundo turno deixa de ser uma possibilidade.

Por que Lula tornou-se tão favorito assim? A resposta é simples: a ampla maioria do eleitorado cativa pelo ex-presidente sentimento de saudade ou nostalgia de seu governo (2003 a 2010), período que o Brasil registrou os mais elevados índices econômicos das últimas décadas. Há, inevitavelmente, a comparação do momento atual com o passado.

O sentimento de “saudade” na política, na questão eleitoral, é algo altamente relevante. Define de forma sólida, por exemplo, um voto. Essa “saudade” é explicada, principalmente, pelo fato de ter sido uma época em que se ganhava melhor e o povo se sentia mais valorizado. Portanto, o aspecto econômico acaba sendo o fator principal que explica a persistência de Lula à frente das pesquisas, apesar de não ser o candidato do mercado financeiro e da grande mídia.

Em uma pesquisa divulgada pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), em 2018, a “Era Lula” foi considerada a melhor dos últimos 60 anos no Brasil, sobretudo, na questão econômica. O referido período foi marcado pela pujança do consumo, do pleno emprego, do acesso aos bens de consumo que antes não passava de um desejo, para a maioria uma eterna pretensão, tornou-se realidade.

Depois de Lula, veio o governo Dilma Rousseff e, infelizmente, gradativamente essas conquistas começaram a ruir. Os dados econômicos já anunciavam que os “bons tempos” estavam com os dias contados. A recessão econômica veio e atingiu o Brasil em cheio, sem que se pudesse ter aplicado ferramentas para blindar ou amenizar os impactos.

Em 2015, o governo não conseguiu melhorar nenhum índice da econômico, apenas “empurrou” os problemas. Veio 2016 a crise política que culminou no impeachment de Dilma. Entrou Michel Temer. A economia começou timidamente e dar sinais de crescimento, porém nada que pudesse – de fato – ser caracterizado como uma retomada econômica.

Em 2019, Jair Bolsonaro assumiu a Presidência da República. Quase três anos se passaram e até agora não há nada – sob o ponto de vista econômico – que possa ser comemorado. Paulo Guedes mostrou-se um desastre como ministro da Economia. Além de não ver os índices econômicos melhorarem, o brasileiro convive diariamente com uma inflação que bate recorde e faz os mais antigos reviverem as décadas de 80 e 90, antes do Plano Real. O poder de compra desabou. A fome avança no Brasil.

Esses fatores passaram a ser componentes importantes na hora do eleitor decidir em quem votar, por isso, as pesquisas apontam essa liderança do petista. Saudade é o principal combustível que deverá manter acesa a chama político-eleitoral de Luís Inácio Lula da Silva, e o que o coloca até aqui com grande possibilidade de subir pela terceira vez a rampa do Palácio do Planalto.

Henrique Branco

Formado em Geografia, professor das redes de ensino particular e pública de Parauapebas, pós-graduado em Geografia da Amazônia e Assessoria de Comunicação. Autor de artigos e colunas em diversos jornais e sites.

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