Na noite de ontem, 30, no último expediente legislativo de 2024, a Câmara Municipal de Parauapebas pois fim a uma Era. A decisão política de rejeição das contas do prefeito Darci Lermen (MDB), referentes aos anos de 2020, 2021 e 2022. Os parlamentares se escoraram no parecer técnico do Ministério Público de Contas dos Municípios do Estado do Pará, que recomendou a não aprovação das contas do citado mandatário.
Por outro lado, o Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Pará (TCM-PA) deu parecer favorável para que o parlamento parauapebense aprovassem as contas de Lermen. Todavia, os edis se utilizaram do documento do MP, para sustentar as suas respectivas decisões politicas.
O que se viu foi na prática uma das maiores lições da política: “Rei posto, rei morto”. Em seu penúltimo dia como prefeito, com elevado nível de rejeição, sem apoio político, Darci Lermen foi, digamos, uma “presa fácil”. Zacarias Marques (MDB) foi o único parlamentar que o defendeu, e pediu pela aprovação de suas contas. O placar nas três votações (exercícios 2020, 2021 e 2022) foi 12 votos pela reprovação e um voto pela aprovação. Como dito, a decisão foi política, sob a justificativa de se basear em uma recomendação técnica, que gerou, inclusive, pareceres divergentes.
Desfaçatez e ingratidão
Como é sabido, ao retornar pela terceira vez ao Executivo parauapebense, Darci Lermen resolveu implementar um modelo de gestão que transferia ao parlamento grande parte da gestão municipal. Ou seja, os vereadores indicariam os gestores para as secretarias, prerrogativa que, em tese, é do prefeito, mas que passou a ser do parlamento. O governo passou a ser gerenciado, sobretudo, em um formato feudal, em que cada pasta passou a construir as suas próprias diretrizes e decisões, que deixaram de passar pelo gabinete do prefeito.
Foi dessa forma que diversos vereadores conseguiram estranhamente ostentar um padrão de vida acima dos rendimentos declarados. Foi dessa forma que grandes grupos políticos se “entranharam” na máquina pública municipal, permitindo a diversos parlamentares um processo de reeleição às custas de recursos públicos.
O caos administrativo e financeiro era uma questão de tempo. E ele veio da pior forma possível. O voto pela reprovação a um gestor que errou muito, mas concedeu muitas benesses aos seus hoje julgadores, é uma aula de desfaçatez e ingratidão para com Darci Lermen, que agora se tornará inelegível por oito anos, ou seja, só poderá concorrer em 2032, da forma como foi feito é uma lição política que o prefeito eleito Aurélio Goiano (Avante) parece ter entendido.
A história julgará Zé do Bode, Josivaldo da Farmácia, Eliene Soares, Leandro do Chiquito, Josemir Silva, Joel do Sindicato, Léo Márcio, Luiz Castilho, Miquinha e Elias.
O fim da Era Lermen chega ao fim, depois de quatro mandatos, que representaram 5.843 dias, que correspondem a 44% do tempo total de emancipação de Parauapebas, que soma 36 anos, ou 13.149 dias.
Imagem: O Antagonico