O governador, o político, o pai, Jatene e Simão

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“Amigas e amigos, esta é a fala que eu jamais imaginei algum dia ter que fazer. Mas, a vida nos ensina que nem sempre fazemos o que gostaríamos. Precisamos fazer aquilo que deve ser feito. É por isso que, em respeito a cada um de vocês, em respeito à minha família, em respeito à minha história, venho fazer esses esclarecimentos”.

É desta forma que anteontem (20) o governador do Pará, Simão Robson Jatene (PSDB), postou em sua conta oficial no Facebook, vídeo de pouco mais de dez minutos sobre a prisão de Alberto, seu filho, na operação “Timóteo”, que investiga desvios de recursos públicos provenientes dos royalties da atividade mineral.

O governador se pronunciou oficialmente sobre o caso quatro dias depois do ocorrido. Quando a postagem entrou no ar, tornou-se pública, Beto, já não estava custodiado no Quartel Geral dos Bombeiros. Habeas Corpus o tornou livre, dois dias depois da sua prisão. No vídeo, Jatene começou sendo o mandatário político, manteve-se até metade do tempo como governador, depois passou a ser Simão, cidadão comum, pai, que estava ali defendendo a sua cria.

Sem cerimônias o governador atacou diretamente a família Barbalho e seu grupo de comunicação. Simão criticou o uso desses meios em favor de interesses políticos próprios. A crítica não encontra sustentação. O governador não possuiu grupo de comunicação, mas é notório a parceria dos governos do PSDB com as Organizações Romulo Maiorana (ORM). Portanto, indiretamente os tucanos aproveitam tal relação para se perpetuarem no poder e sustentarem com recursos públicos o império de comunicação rival dos Barbalhos.

Outro ponto diz respeito à réplica do governador em relação a família de Jáder. Acusar o grupo político inimigo não retira ou diminui os holofotes sobre seu filho, acusado de utilizar seus postos de combustíveis (que já pesa outra acusação de serem usados para abastecimento da frota de veículos da Polícia Militar) para lavar dinheiro desviados dos tributos minerais.

O fato da prisão de um membro da família Jatene, transbordará para a futura disputa pelo governo do Pará, mesmo que Simão não possa mais concorrer. Possivelmente o governador deverá ser candidato ao Senado Federal, encerrando assim a sua carreira política em Brasília, depois, quem sabe, de oito anos no planalto central. Mesmo não sendo candidato, a acusação do envolvimento de Alberto com transações ilícitas, desnuda a imagem – quase imaculada – do clã dos Jatene.

Poderá jogar à vala comum a enaltecida – pelo próprio governador – ética familiar. Comparar com os Barbalhos, por exemplo e ampliar o desgaste ao ninho tucano, consequentemente ao possível sucessor de Simão, em 2018, caso seja do PSDB. Conforme afirmou Charles Alcântara, o ato enaltece o pai e diminui na mesma proporção o político. Beto na condição de filho deve ficar orgulhoso do pai, mas o paraense não tem o que comemorar.

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