O Governo Presente e o Preterido Marajó

O governador Helder Barbalho deixa claro que o maior objetivo de sua gestão é ser presente. Um Estado que atenda a todo o território paraense e que combata às desigualdades regionais no Pará. Para isso, deixou claro que reforçará os Centros Regionais de Governos, situados em Marabá e Santarém.

As referidas estruturas começaram a funcionar no inicio de 2018, o último ano do governo de Simão Jatene, depois de terem sido prometidas na campanha de 2010, pelo próprio governador. No decorrer do referido ano, ambas se resumiram a serem apenas um instrumento de articulação política entre o governo estadual e os prefeitos das regiões que estavam sob atuação desses Centros Regionais.

Para um governo que se intitula de “Presente”, a descentralização administrativa em uma máquina estadual altamente concentrada na Região Metropolitana de Belém (RMB) e seus arredores, fortalecer os Centros Regionais de Governo é uma das saídas para diminuir as consideráveis assimetrias regionais, em especial o atraso secular imposto ao arquipélago marajoara.

Porém, há uma questão séria e urgente. Como desenvolver o arquipélago do Marajó, que, infelizmente, ostenta os piores indicadores sociais do Pará e em alguns casos específicos, do Brasil? Pelos dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são 542 mil (números redondos) habitantes, espalhados por dezesseis municípios limitados territorialmente por 40,1 mil km². Essa área forma a maior ilha costeira do Brasil, e a maior ilha fluviomarítima do mundo (banhada concomitantemente tanto por águas fluviais quanto por oceânicas).

As belezas naturais são o contraste com o que se encontra na questão socioeconômica. O IDH, que mede três dimensões básicas do desenvolvimento humano: renda, educação e saúde; no caso dos municípios marajoaras a média é abaixo do aceitável (índice vai de 0 a 1 e os locais com IDH abaixo de 0,499 têm sérios problemas em seu desenvolvimento humano; os que estão entre 0,500 e 0,799 têm desempenho mediano e apenas os que estão acima de  0,800 têm alto desenvolvimento). Melgaço, por exemplo, em 2017, apresentou o IDH de 0,418 o mais baixo de todo o país. 

Da mesma forma que o jornalista Lúcio Flávio Pinto diz que o problema da Amazônia é ser assentada no Brasil; digo que o problema do Marajó é pertencer ao Pará. Além do descaso histórico dos governos federal e estadual; há nos municípios marajoaras a instauração do que sempre chamei de “apologia à incompetência” (o descaso e o despreparo da ampla maioria dos agentes políticos do arquipélago; além da resistência aos que vem de “fora” – neste sentido aos que não moram no Marajó, mesmo sendo paraenses).

Conforme noticiado pela jornalista Franssinete Florenzano em seu blog, no último dia 26, o líder do governo na Alepa, deputado Francisco Melo, o Chicão, externou o seu apoio para a criação do Centro Regional do Governo do Marajó, com sede no município de Breves. O Projeto foi uma indicação do deputado Luth Rebelo. Chicão salientou o abandono secular da população marajoara e a necessidade da presença efetiva dos órgãos públicos estaduais no arquipélago.

Recentemente em evento em que empossou simbolicamente o ex-deputado estadual João Chamon Neto como secretário Regional de Governo do Sul e Sudeste do Pará, o governador Helder Barbalho anunciou que, em março próximo, irá trazer o governo, com todo o secretariado, para despachar em Marabá durante pelo menos uma semana, para ouvir as demandas de cada um dos 39 prefeitos das regiões sul e sudeste do Pará e também ouvir a população. A próxima estada do governo será em Santarém, na sede de mais um Centro Regional de Governo, a do Oeste do Pará.

Como a atual gestão se coloca como um governo “Presente”, então a criação do Centro Regional de Governo do Marajó, seria algo coerente e extremamente necessário. Existe Pará do outro lado da baia.

#veja mais

Novos ares e velhas certezas

Nada incomoda mais uma sociedade do que a afirmação: “Os políticos brasileiros são a cara do povo”, e na verdade nós não queremos ver espelhados

De volta à torre

Em setembro de 2019, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) paraense promoveu nas dependências da Alepa, a sua convenção partidária. Na referida ocasião, importantes questões tornaram-se

A mais nova pesquisa Ibope confirma a estabilidade do cenário político-eleitoral

No último dia 28, o Instituto Ibope divulgou a sua primeira pesquisa para a disputa presidencial, em 2018. A pesquisa, encomendada pela Confederação nacional da

Curionópolis: empresa de mineração de metais inicia sondagens

Gestores da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme) participaram, nesta sexta-feira (25), de uma programação em Curionópolis, município da região Sudeste,

Parauapebas: o início de uma nova era política?

Pelo título desta postagem, não custa fazer um esforço em acreditar, pelo próprio bem do sofrido município. Assim como em outras municipalidades brasileiras, hoje, tomaram

PL das Fake News: três pontos para entender disputa entre governo e Google

A disputa em torno do chamado PL das Fake News – o controverso projeto de lei de número 2630, que estipula regulamentação e fiscalização de