O levante dos governadores e o recado de Helder

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Está mais do que claro a incompetência do presidente da República, Jair Bolsonaro, em lidar com a crise de saúde pública a nível pandêmico, instaurada no país com a proliferação do novo coronavírus (Covid-19). Tal inércia gerencial desencadeou intervenções dos governadores para garantir medidas de contenção, afim de assegurar que seus estados possam mitigar ao máximo a proliferação do vírus.

João Dória por São Paulo, Wilson Witzel pelo Rio de Janeiro, Flávio Dino no Maranhão e Helder Barbalho no Pará, resolveram não esperar as ações (que até agora não foram produzidas para atenuar nos entes federativos os efeitos da pandemia), e partiram para a resolução, cada um ao seu modo e possibilidade. Em comum, a decisão de restringir acessos. Determinar o isolamento social. Os estados decidiram fechar as suas fronteiras, evitando entrada e saída de pessoas, buscando com isso diminuir a transferência de carga viral. Tal fechamento é de competência constitucional da União, que não a fez até o momento. Desta forma, os mandatários estaduais determinaram em seus respectivos decretos, tal medida.

Até o momento, não ocorreu por parte do Governo Federal, uma única reunião com os governadores para tratar do problema. As determinações do presidente vão de encontro aos que os governadores estão fazendo, e até o que vem sendo adotado no mundo para conter a proliferação. Bolsonaro vem criticando publicamente os mandatários estaduais, gerando ainda mais crise institucional, acusando-os de fazer política e de tomarem decisões exageradas.

O que de fato ocorre é que a inoperância do Governo Federal, criou um vácuo. E como isso não é possível de se manter na política, coube aos governadores ocuparem espaços, tornando-se protagonistas, deslocando o presidente que, agora, busca correr atrás do prejuízo político que se auto submeteu.

Em entrevista coletiva, o governador do Pará, teceu duras críticas ao Governo Federal. Afirmou duramente que não irá esperar decisão ou permissão de ministros e do presidente para agir. E assim está fazendo, inclusive acionando a Justiça para fazer valer os interesse do Pará, frente a inércia do Palácio do Planalto. O levante dos governadores cresce, toma forma e empareda o Governo Federal. O presidente não lidera, não articula de forma federativa ações em defesa do país. Em um território continental tal demora ou omissão, torna o processo de desenvolvimento da doença, uma tragédia.

Conforme dito em outro artigo, as crises, os problemas, as tragédias separam homens de meninos; bons e maus gestores; políticos de estadistas. Os grandes desafios são verdadeiros filtros. Mostra, por exemplo, neste caso, a habilidade e articulação de uns, em detrimento a outros.

A Covid-19 irá passar, não se sabe quando e isso depende da sociedade em seguir os protocolos recomendados. Mas depois dessa fase, estará posto o filtro de competência, de bom gestor. Assim como o contrário é verdadeiro.

O presidente Bolsonaro vem perdendo gradativamente apoio social. Sequencialmente panelaços são realizados contra o seu governo. Sua popularidade caiu, e tal descida está ligada à forma de como o mandatário da nação se comporta e age, perante a uma grave crise, que é relativizado, pelo mesmo.

O levante dos governadores está posto. Não começou agora, já ocorre por outras pautas como as questões ambiental e tributária. E não se trata de briga política, e sim a inércia gerencial que o governo do presidente Jair Bolsonaro produz, e que foi agravada pela pandemia da Covid-19. Que após ela, os homens serão separados dos meninos.

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