O mundo encantado da “República de Ananindeua” e os empréstimos

Em uma recente pesquisa de satisfação de gestão, a Doxa apresentou um ranking em que o prefeito de Ananindeua, Daniel Santos (ainda no MDB) aparece em segundo lugar. Ou seja, entre as gestões municipais que constam no chamado “Índice Doxa de Gestão”, que somaram 31 municipalidades consultadas.

A metodologia utilizada para aferir esse índice foi, segundo a Doxa, o formato quantitativo aleatório domiciliar, estratificado por quotas de sexo, idade e área geográfica (bairros e comunidades rurais) através de uma amostra representativa de cada município pesquisado. O índice é extraído da seguinte questão: “De maneira geral você Aprova ou Desaprova a maneira como o/a prefeito/a vem administrando o seu município?”

Neste contexto avaliativo, Daniel Santos foi o segundo mais bem avaliado. Inegavelmente, o município de Ananindeua vem passando por grandes transformações através de inúmeras obras, em especial as estruturantes. Todavia, cabe aqui analisar como essas intervenções se tornaram realidade. É ai, ao se tirar as cortinas, que se percebe que esse montante de ações não são, necessariamente, constituídas de grande competência da gestão municipal, ou uma habilidade fora do comum sob o ponto de vista orçamentário.

Ao se ir a fundo na questão de como a Prefeitura de Ananindeua vem promovendo suas ações, há pouco vindo do próprio tesouro, que apesar de ser bilionário (LOA 2021 e 2022 somaram 2,2 bilhões de reais, este último que está sendo executado no ano corrente). Em uma rápida busca na Secretaria do Tesouro Nacional, fica claro o alto nível de endividamento que a Prefeitura de Ananindeua está submetida entre os anos de 2021, 2022 e 2023 (este último até a publicação deste artigo).

Duas instituições aparecem: Banco do Brasil e Caixa Econômica, que somam os impressionantes R$ 631,8 milhões. Deste montante, R$ 436,8 milhões foram deferidos. Quando se analisa por instituição bancária, o BB repassou em operações de créditos aos cofres da Prefeitura de Ananindeua R$ 225,4 milhões, que poderá receber um acréscimo de 95 milhões de reais que está em processo de retificação pelo credor.

Na Caixa Econômica Federal, o volume de operações de crédito deferidas somam R$ 211,4 milhões. Esse montante ainda poderá sofrer um acréscimo de 100 milhões de reais que está em processo de “preenchimento pelo interessado”.

Somando todas as operações de crédito contraídas pela Prefeitura de Ananindeua nas duas instituições citadas, se atinge o valor total de R$ 436.890.936,47. Quase meio bilhão de reais é a elevação do nível de endividamento que a gestão do prefeito Daniel Santos vem promovendo desde o início de sua gestão. Essa conta irá pesar lá na frente e poderá custar muito aos cofres públicos do segundo mais populoso município paraense.

No próximo artigo, o Blog do Branco irá mostrar todas as obras feitas integralmente ou em parceria com o governo do Pará.

A “República de Ananindeua” segue a todo vapor, todavia, promovendo um nível preocupante de endividamento.

Imagem: Portal G1 – Pará.

Henrique Branco

Formado em Geografia, com diversas pós-graduações. Cursando Jornalismo.

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