O ódio está vencendo. Caminhamos para a barbárie

Hoje (01) é um dia triste. Arthur Lula da Silva, 7 anos, morreu vítima de meningite meningocócica, em São Paulo. Ele era neto do ex-presidente Lula. Durante o dia – via redes sociais – presenciei diversos posicionamentos lamentáveis, pessoas que comemoraram o óbito. Algo indescritível, desumano.

Quando Dona Marisa Letícia, ex-mulher deu entrada no Hospital Sírio Libanês, no dia 24 de janeiro, depois de ter sofrido um acidente vascular cerebral hemorrágico provocado pelo rompimento de um aneurisma, que, infelizmente esperava manifestações de ódio de diversos segmentos, sobretudo, os de maior renda. O que, de fato, aconteceu, até em doses cavalares, com pitadas de desumanidade que impressionou.

Com Arthur novamente o fato lamentável ocorreu. A polêmica girou em torno da permissão da saída do ex-presidente Lula da prisão, em Curitiba, para velar o neto, algo garantido por lei. A ele recentemente já havia sido negado o pedido de acompanhar o velório e enterro de Vavá, seu irmão mais velho. A desumanidade está escancarada.

O que esperar de uma sociedade em que muitos dos seus indivíduos, a maioria de classe alta, que tiveram boa base educacional (pelo menos na teoria), mas desejam a morte de uma pessoa? O que leva um ser humano a desejar, por exemplo, que uma senhora em uma UTI de hospital, “abrace o ‘capeta’? ”, ou que a morte de uma criança de 7 anos seja uma resposta “divina” aos atos cometidos por seu avô?

Perdemos totalmente a noção de civilidade, minimamente que seja. Uma opção ideológica, uma filiação partidária, nos dias atuais está acima da vida. Dependendo da sua escolha, pode-se correr risco de morte ou não ter um atendimento satisfatório. O ódio a um partido político, neste caso o PT, mostra o rancor e a reforça a tese da luta de classes. Ingenuidade é achar que essa disputa classista não exista na prática ou que seja restrita aos escritos de Karl Marx. Ela está escancarada em nosso dia-a-dia e parece ser cultuada. Uma disputa diária pela sobrevivência, fomentado pelo capitalismo.

No Brasil temos uma elite perversa, antipatriótica, bem limitada intelectualmente e que tem pavor da ascensão social dos menos abastados. Basta ler Sérgio de Hollanda e a sua obra mais famosa: “Raízes do Brasil”, obra que consiste de uma macrointerpretação do processo de formação da sociedade brasileira. A tese central é a de que o legado personalista da experiência colonial constituía um obstáculo, a ser vencido, para o estabelecimento da democracia política no Brasil.

Desta forma se populariza a normalidade em relação à violência, ao crime, à matança, à morte de forma geral. Clichês como: “bandido bom é bandido morto”, “antes ele do que eu”, mas desde que não seja da minha família… E por aí vai. Talvez, de forma inconsciente estimulamos a violência, que transborda em sua fase mais perversa: o ódio. Este sentimento negativo está impregnado ao varejo em nossa sociedade e na era do crescimento e domínio (de forma quantitativa) das igrejas, independente de religião.

No caso do PT, em 2015, escrevi texto sobre o crescimento do “antipetismo”. Havia uma onda de críticas ao referido partido, inclusive com claro estimulo à violência. Esse sentimento o intitulei de “patologia social”. Tal referência ao processo se dava – em alguns casos – por conta da justificativa ou, em alguns casos, sem ela, para ser contra ou odiar o PT. A maioria que se diz contra não apresenta uma linha de raciocínio que sustente tal sentimento ou postura.

Dona Mariza e Arthur são só exemplos. A ex-primeira-dama em coma teve a sua morte desejada, pedida, orientada, como feito pelo o neurocirurgião Richam Ellakis, que apontou em rede social o procedimento que deveria ser feito pelos médicos para a ex-primeira dama “abraçar o capeta”. Um profissional que deveria zelar pela vida, conforme juramento prestado, foi quem didaticamente orientou o que poderia ser feito para matar uma pessoa. Ao neto a comemoração de ser um “grande dia” por sua morte. Só por ambos serem familiares de Lula. Isso é desumanidade em seu estado mais puro.

Caminhamos para a barbárie e que vai muito além dos limites da seara política. Ela é só um exemplo, talvez, atualmente o mais emblemático. Mas no cotidiano o humanismo está se perdendo. Cada novo ano torna-se pior do que o anterior. Não se trata de calendário, data, e sim postura como ser humano. Erramos enquanto evolução humana? Precisa resetar? A barbárie é o único caminho?

Perdemos. Arthur não merecia.

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