Depois do dia 07 de abril, prazo limite dado pela Justiça Eleitoral para as desincompatibilizações a quem pretende concorrer nas eleições de outubro, que o Pará parece viver no “piloto automático”. Simão Jatene já não vinha mostrando vontade, vigor na condução da máquina estadual, porém tudo piorou depois da referida data. A crise na segurança pública escancarou a falta de comando do governador.
Jatene forçadamente teve que ficar no cargo. Todas as suas estratégias foram “por água abaixo” quando não conseguiu a renúncia do seu vice. Se Simão saísse, Zequinha Marinho governaria até o fim do ano e disputaria a eleição no cargo de mandatário da política estadual, minando a candidatura de Márcio Miranda.
O “fico” de Jatene foi para manter Miranda na disputa e – pelo menos – assegurar a estratégia político-eleitoral de sua família, centrada na figura de sua filha, Izabela, a super-secretária de sua gestão. A herdeira política de Jatene concorrerá, em 2020, a Prefeitura de Belém.
O problema é que o governador parece descompromissado, sem interesse em governar. Quer, como foi dito, manter os seus interesses, eleger Márcio Miranda e construir as bases políticas da filha, e só. Essa postura de Jatene está custando muito caro ao Pará, aos milhões de cidadãos paraenses. A sua popularidade vem despencando e poderá encerrar o seu terceiro mandato à frente do Executivo, de forma melancólica, bem diferente do que pretendia (sendo o único a governar o Pará por três vezes).
A permanência de Jatene do jeito que está é ruim até para o presidente da Alepa e pré-candidato ao Palácio dos Despachos, Márcio Miranda. Sobrecarrega-o na defesa da atual gestão (ele sendo o candidato do governo); desgasta a sua imagem, cada vez mais associada à de Jatene; e força um plano de governo que mude as diretrizes atuais de uma gestão que ele terá que defender. Miranda enfrentará a esquizofrenia político-eleitoral que lhe espera nos próximos meses.
Jatene está cansado, frustrado, desmotivado e com a pior sensação para ele: deixar de ser protagonista. Apesar de ainda ser o governador, sabe que dentro de dois meses, sua imagem estará em segundo plano, por de trás da disputa polarizada entre Helder e Miranda.
A saída de Simão e a chegada de Marinho a cadeira política mais importante do Pará não representaria a melhora imediata, ou a resolução dos mais graves problemas do Pará, mas poderia promover mudanças, a saída do desastrado status quo, que Jatene teima em manter. Está faltando testosterona ao tucano-mor.
A situação atual é parecida com a de 2006, quando Simão no cargo não disputou à reeleição, pois o ex-governador Almir Gabriel se colocou na condição de candidato. No referido ano, Jatene ao ter a sua condição de reeleição negada, se retirou do processo de disputa eleitoral e pouco (ou nada) fez para que Gabriel vencesse. Doze anos depois a história se repete. O custo do “fico” de Jatene está sendo muito caro ao Pará.