O pesado fardo de Araújo

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Há duas semanas provoquei aqui no Blog ao indagar: escolhido para perder? Tratei da escolha do prefeito Zenaldo Coutinho (PSDB) pelo deputado estadual Thiago Araújo (Cidadania) para ser o seu candidato. A escolha era, naquele momento, a mais improvável, apesar de constar no radar de análise dos que se atentam ao tema, e que foi mostrado aqui, neste Blog.

De qualquer forma, Araújo foi o escolhido. Agora se apresentará como o candidato do prefeito Zenaldo, o dono dos piores índices de rejeição da história recente dos que ocuparam o Palácio Antônio Lemos. Pelo senso comum, conseguiu algo inédito: ser pior avaliado que o seu sucessor, o ex-prefeito Duciomar Costa. Diversas pesquisas atestaram isso. Vamos citar a da Alvo Pesquisas (registrada no TSE, sob o nº PA-03307/2020), só para ficar na mais recente. O levantamento apontou que 75% dos entrevistados desaprovam a gestão de Coutinho. Ao desmembrar a análise, aparece que 45,1% dos entrevistados sinalizou como péssimo o trabalho do tucano; outros 30,4% classificam como regular e apenas 6,1% como bom.

É esse cenário negativo que Thiago Araújo terá pela frente. Ontem, 16, na convenção de seu partido (Cidadania), foi oficializado o seu nome, ele afirmou que irá continuar o legado de Zenaldo. Claro que em um evento, onde estava rodeado de tucanos, não poderia ter tido outra narrativa. Porém, quando a campanha começar, Araújo sabe que não há outra alternativa que não seja a de se afastar do atual prefeito. Defender um legado considerado desastroso? Que lhe fará perder votos.

Em política, às vezes, fatos presentes são na verdade recortes futuros. Tudo pode acontecer, até, quem sabe, pela força da máquina municipal e outros fatores de campanha, Araújo ir ao segundo turno. Mas suas chances de vitória, são mínimas. No fundo ele sabe disso. Apesar da pouca idade, sabe bem como funciona a política. Sabe o seu papel e o que pode lhe render no futuro por ser hoje candidato do atual desaprovado prefeito de Belém.

Como já tratado aqui, a trajetória política de Araújo é impressionante. Em menos de uma década, tornou-se vereador em Belém, em seguida deputado estadual, estando em seu segundo mandato. Talvez, ter aceito ser candidato em um cenário muito desvalorável é a estratégia visando 2022, talvez em Brasília, no parlamento paraense?

Araújo terá como vice Marinalva Muniz da Silva, conhecida como Mary. Considerada uma forte liderança popular, tucana de carteirinha e pessoa de confiança do prefeito Zenaldo Coutinho. Ambos terão apoio do PSDB, DEM, PV e PMN. O fardo que Thiago Araújo irá carregar é pesado, mas em jogo está, talvez, uma outra disputa. Como analisado pelo Blog em outro post, se perde hoje para ganhar (bem mais) amanhã. A ver.

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