Operação “Lava Jato” começa a embolar a disputa pelo governo do Pará*

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A disputa pelo Palácio dos Despachos no próximo ano parecia caminhar para uma lógica eleitoral: a vitória de Helder Barbalho, que se tornaria governador do Pará, concretizando o sonho de seu pai, Jader.  A tese se sustentava pelo presente cenário. A dinastia tucana no Pará, com o quinto governo do PSDB, o quarto de forma sucessiva, parece se configurar em franco declínio. O modelo de gestão tucano se esgotou, ou, pelo menos, cansou o eleitor. Depois de duas décadas (que serão completadas ano que vem) o Pará continua “patinando” em diversas áreas. Os índices sociais são vergonhosos.

A referida análise já estava clara em 2014, na última disputa eleitoral. Simão Jatene se reelegeu para o seu terceiro mandato à frente do Executivo paraense de forma apertada. Nas pesquisas que antecederam o dia da eleição, a maioria colocava o herdeiro político de Jáder Barbalho na liderança. O tucano virou o jogo e de forma acirrada continuou no Palácio dos Despachos. A questão é que a atual gestão conseguiu ser pior do que as anteriores. Por isso, Helder era apontado como o franco favorito (independente do candidato lançado por Jatene).

O cenário caminhava favoravelmente ao Barbalho, até a operação Lava Jato chegar ao Pará. Em fevereiro do ano corrente as investigações apontaram para desvios de recursos na construção da Hidrelétrica de Belo Monte, na volta grande do rio Xingu. Em maio de 2016, o STF autorizou abertura de inquérito para investigar Edison Lobão por desvios na obra de Belo Monte. À época do pagamento das supostas propinas ele era ministro de Minas e Energia.

Em junho, foi aberto inquérito, pelo mesmo motivo, para investigar os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Romero Jucá (PMDB-RR), Valdir Raupp (PMDB-RO) e Jader Barbalho (PMDB-PA). Todos são suspeitos pela prática de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, por suposto recebimento de propina em contratos da obra.

A situação piorou quando foram divulgados os conteúdos das delações das empresas Odebrecht e JBS. Ambas repassaram recursos (via caixas “1” e “2” para a campanha de Helder Barbalho ao governo do Pará, em 2014). Os tucanos e seus apoiadores nem puderam comemorar o fato. As investigações apontaram que a campanha de Simão Jatene recebeu recursos das referidas empresas, pelo mesmo “modus operandi”: licita e ilícita. Ou seja, ambos grupos políticos estão enrolados. E contra Simão Jatene ainda há outro agravante: a cassação por abuso de poder econômico na eleição passada e compra de votos, via o programa assistencialista “Cheque Moradia”.

Diferente de Helder, Simão não disputará o governo. Primeiro por estar cassado. Segundo, caso consiga reverter o seu impedimento eleitoral, deverá disputar uma vaga ao Senado Federal, em 2018. Por isso no jogo das delações e envolvimento com repasses financeiros indevidos, pesa negativamente mais para o ministro do governo Temer. Poderá tirá-lo da condição de favorito e tornar o caminho mais difícil para a realização do sonho de Jader em fazer o seu herdeiro político o chefe do poder Executivo paraense. Barbalho ainda tem que torcer para que Michel Temer continue no Palácio do Planalto, caso contrário, tudo muda, ou melhor: piora.

* tema de minha coluna semanal no Portal Canaã.

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