Os ensaios de Jatene

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Na semana passada o tabuleiro político foi sacudido por informações de bastidores que afirmaram que o ex-governador Simão Jatene, estaria fortemente propenso a ser lançar candidato a prefeito de Belém, em 2020. O Blog já tratou diversas vezes sobre o processo eleitoral municipal na capital do Pará, a cada dia mais próximo. 

Vamos por partes. Primeiro, vale a pena ressaltar que, a situação político-eleitoral – sustentada pelo baixo índice de popularidade – do prefeito Zenaldo Coutinho, é um fato que precisa ser levado em consideração em qualquer análise sobre o tema. O alcaide municipal tem uma poderosa máquina na mão, mas ela será capaz de produzir efeitos positivos perante a difícil situação avaliativa que ele se encontra? Quem – indicado por ele – teria a capacidade de ser competitivo, frente a esse cenário negativo? Ou como já analisado aqui, em outros artigos, Coutinho buscaria um nome fora do ninho tucano, a exemplo do que fez Jatene, em 2018? 

O PSDB teria neste momento apenas dois nomes que podem tentar manter o partido no Palácio Antônio Lemos: deputado federal Celso Sabino e o ex-governador Simão Jatene. Pelo que se diz nos corredores do citado prédio, o prefeito Zenaldo não teria – por ambos – como as opções que mais lhe agradam. Após as eleições de 2018, com a perda do governo do Pará para os Barbalho, o PSDB ficou extremamente dividido. Grupo de Jatene para um lado, de Zenaldo para o outro, além do grupo que compõe a bancada do partido na Alepa, que se aproximou – sem cerimônias – do governador Helder Barbalho. 

Ainda há outro componente: o revanchismo entre Coutinho e Jatene. O prefeito ainda não aceitou não ter sido ele o candidato ao governo, da mesma forma pensa outro tucano (a cada dia mais colado aos Barbalho) do outro outro lado da BR, o prefeito de Ananindeua, Manoel Pioneiro. 

Jatene sempre justificou a escolha por Márcio Miranda (DEM) por conta das péssimas gestões e consequentemente baixos índices de popularidade dos referidos prefeitos tucanos. O que há de se concordar com o ex-governador. Desde quando assumiu a Prefeitura de Belém, em 2013, Zenaldo seria o sucessor natural de Jatene que, após dois mandatos – que se esperava que fossem bons -, iria ser aclamado para disputar pelo partido a máquina estadual. Mas o que se presenciou na prática, foi um período em que Belém parou no tempo. 

Atualmente, não há um tucano que possa ser competitivo na disputa pela Prefeitura de Belém, que não seja justamente Simão Jatene. Goste ou não, ele tem voto, e independentemente da avaliação que se possa fazer de suas gestões na condição de governador, Simão seria, sem dúvida, um nome competitivo. Ele gosta do poder, tem apreço pelos holofotes que a política concede. Não por acaso, planejou a sua manutenção na política ao deixar o governo. Queria ser Senador, e ainda de quebra, eleger a filha para deputada. Mas o seu então vice, hoje o Senador Zequinha Marinho, não concordou com as condições sugeridas por Jatene, e não topou.

Como já dito e para quem conhece política mais afundo, sabe que o ex-governador não é apegado a partidos ou ao coletivismo. Isso ficou claro em sua estratégia na última eleição. Está claro que a ociosidade não lhe satisfaz. Simão está sendo atacado de todos os lados, acusado de desvios de recursos, de mau uso do dinheiro público, além de experimentar o dessabor de hoje ser um cidadão comum. Muitos se afastaram. Jatene parece querer ser candidato pelo simples fato de nutrir dentro de si um revanchismo contra os Barbalho. E nessa questão está incluído evitar, por exemplo, que o governador consiga eleger um aliado ao Palácio Antônio Lemos.

Se for verdade a sua pretensão de ser o candidato do PSDB na capital, Jatene é, sem dúvida, a melhor opção dos tucanos. Falta combinar com quem terá o maior peso no processo a nível municipal: o prefeito Zenaldo Coutinho. 

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