Parece que o dedo em riste de Helder Barbalho em direção ao presidente Michel Temer, na última quinta-feira (12), teve razoável efeito positivo no que diz respeito ao que o estado do Pará tem direito na renovação da outorga de operação da Ferrovia Carajás. Não que o perverso contrato firmado que penaliza duramente os paraenses, tirando do Pará a possibilidade de receber o considerável montante de R$ 4 bilhões será revisto ou cancelado, o que seria a melhor notícia aos paraenses. Pelo contrário, foi mantido.
Como uma forma de diminuir o impacto da decisão, o presidente Temer autorizou na audiência de ontem (16) com o seu ex-ministro Helder Barbalho, senador Jader Barbalho e os presidentes da Fiepa, Fecomércio e Faepa, que seja destinado pouco mais de 1 bilhão de reais (quatro vezes menos do que o valor anterior a que o território paraense teria direito) ao Fundo Nacional Ferroviário, recurso que será arrecadado do trecho leiloado, em breve da Ferrovia Norte-Sul.
O fundo ainda não existe. Será criado por uma Medida Provisória. Ele é nacional, mas segundo as promessas vindas do Palácio do Planalto, o estado do Pará terá prioridade no repasse e concentração de recursos. Na prática, o recurso do fundo será pago pela mineradora Vale e irá custear a ferrovia que será construída até o Porto de Vila do Conde, em Barcarena; além da duplicação da ponte rodoferroviária, em Marabá.
Enquanto a Alepa ficou inerte. O governo do Pará pouco se moveu (incluindo o seu candidato Márcio Miranda), Helder mobilizou-se e articulou-se para atrair para a sua órbita político-eleitoral, a conquista dessa compensação “meia-boca” a que o Pará irá receber, quatro vezes menor do que o contrato firmado pela renovação de uso das ferrovias utilizadas pela Vale.
Do outro lado, bem ao seu estilo morno, de pouca ação, o governador Simão Jatene gravou depoimento em vídeo sobre a polêmica e o postou em sua conta no Facebook. Acusou, sem citar nomes, os seus principais adversários de estarem usando a questão da ferrovia para interesses políticos próprios. Apresentou fragmentos de reportagens publicadas no jornal Diário do Pará, dos Barbalho, em que Jader afirmou que a Ferrovia Paraense era uma “obra pirotécnica”, um “factoide” e que sua pretensão era só para atender os interesses políticos do governo do Estado em ano eleitoral. Portanto, ficou claro que o senador do MDB sempre se colocou contra o referido empreendimento. Agora – pelas circunstâncias – o defende. Isso será cobrado e Jader terá que explicar essa sua posição política esquizofrênica.
Inegavelmente, Helder Barbalho demonstrou mais uma vez o seu poder de articulação. Entre todos os agentes políticos do Pará, ele deverá monopolizar a compensação “meia boca” conseguida ao Pará. Por outro lado, terá que explicar ao eleitorado – na condição de candidato ao Palácio dos Despachos pelo MDB – como o seu partido tirou do Pará a oportunidade de receber 4 bilhões de reais? Ter sido o protagonista na garantia de um fundo que reúne pouco mais de 25% do montante original de recursos a que o Pará teria direito, irá satisfazer o eleitor?