Parauapebas: o devir e a política. Carta aberta e coletiva de desfiliação do PSOL

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Iniciamos esta carta agradecendo ao PSOL e sua militância, em especial aos companheiros da Primavera Socialista e da APS. É um orgulho para todos nós termos feito parte desta História de construção e consolidação do PSOL no município de Parauapebas, no Pará e no Brasil.

A nossa saída do PSOL encerra um ciclo político e partidário do qual temos orgulho. Apesar de não permanecermos no mesmo partido, estaremos, com toda certeza, nas mesmas fileiras e trincheiras em defesa da democracia, dos direitos do povo, de uma educação e saúde pública de qualidade para todos. Essa decisão foi longamente amadurecida e tomada após muito diálogo entre o nosso coletivo e lideranças políticas estaduais e municipais.

Não somos um coletivo que está na política, apenas para ajudar a escolher seus representantes, queremos contribuir na construção de políticas públicas que influenciem, significativamente, na melhoria de vida das pessoas, pois somos trabalhadores, dirigentes sindicais e partidários, que sempre estivemos na luta pelos direitos dos trabalhadores, das mulheres e da juventude, estivemos sempre ao lado da militância, fazendo política coletiva e com o objetivo de melhorar as condições sociais e materiais de todos os cidadãos trabalhadores desse país e do nosso município.

Reafirmamos assim um princípio que norteia nossa atuação política: acreditamos na liberdade do povo e na democracia como modelo político cada vez mais necessário! Definimos a democracia como a forma de se fazer política, cuidando dos interesses coletivos do povo, dos trabalhadores e da juventude. Para nós, um partido político deve ser um instrumento de organização da luta do mesmo povo trabalhador, em que a diversidade seja alimento da construção de uma cultura política do respeito e da inclusão de todos, nessa luta por direitos e justiça social. Isso somente é possível com um instrumento político que incentive, defenda e vivencie, de dentro para fora, no exercício da democracia e do respeito, a diversidade, a participação coletiva na construção política do mundo que sonhamos. Somente com o respeito a esta a pluralidade será possível construir a unidade para que possamos nos apresentar como alternativa política. Essa é uma condição imprescindível para a construção da sociedade democrática que queremos.

Não há democracia de mãos dadas com autocracias, o antagonismo dos dois modelos políticos é por si só gera a conclusão óbvia de que as duas formas de se fazer política não encontram caminhos possíveis entre nós. Assim, lamentamos justamente por não encontrarmos mais o espaço democrático como valor no partido que construímos durante todos esses anos em Parauapebas. Desvio que identificamos cotidianamente, seja no conduzir das instâncias partidárias municipais, ou nos processos de decisão das estratégias políticas na cidade. Não achamos que o tempo histórico que vivemos permite que continuemos em um instrumento político que, muitas vezes, se apresenta somente como sigla eleitoral, em que também a pluralidade de ideias é silenciada por uma burocracia que se fecha ao contraditório e ao debate coletivo.

Nesse sentido, coerentes com nossas convicções, reafirmamos que dialogar com os que pensam diferente, dentro da democracia, não significa deixar de assumir um posicionamento firme em defesa desta mesma democracia e daqueles que mais necessitam de políticas públicas voltadas para suas demandas, mas significa, sobretudo, garantir direitos e avançar nas conquistas da classe trabalhadora. Queremos assumir cada vez mais o papel de sermos construtores de pontes, derrubando os muros das desigualdades sociais e da violência contra a vida de todas e todos!

Estamos convictos de que há uma profunda necessidade de avançarmos no fomento e criação de fóruns de discussões sobre os temas mais relevantes à vida partidária e política no município de Parauapebas, isto é, promover debates abertos a todos os cidadãos, de forma horizontal e democrática, como forma de incentivar a participação em ações de ativismo e cidadania, bem como o de proposições ao legislativo e executivo municipal e estadual. Nossos posicionamentos e reflexões precisam e merecem ser aprofundados – e o serão com o apoio dos cidadãos e políticos que a isso se dispuserem, espaço este que, infelizmente, deixou de existir no PSOL-Parauapebas.

Por fim, convidamos todos e todas que se sentirem representados a se juntarem a nós na construção de uma política mais humana e solidária, uma política que ouça a todos e a todas, não apenas a um pequeno grupo que tenha mais afinidade com a direção do partido. Queremos integrar um partido em que tenhamos, de fato, uma participação atuante, tanto nas reflexões, quanto na implementação de ações e projetos aplicáveis socialmente. Seguir dentro de um partido que permanece na inércia, mesmo na atual conjuntura política, não é nosso perfil, nem ideal. Sendo assim, ratificamos a necessidade da atuação política em defesa dos menos favorecidos e dos direitos da classe trabalhadora, da qual somos parte. E, em síntese, como expressa o filósofo pré-socrático Heráclito, “as mudanças ocorrem simultaneamente ao rio que corre”, ou seja, é o “devir” – o fluxo constante que está presente em tudo no universo.

Assinam esta carta:

1- Marden Lima (Fundador do PSOL em Parauapebas, atual secretário geral e presidente do SINSEPPAR e ex-candidato a prefeito pelo PSOL);
2- Leonice Oliveira (Presidente do Conselho Municipal de Saúde e do Sindicato dos Enfermeiros e ex-candidata à Deputada Federal com mais de 6.000 votos);
3 – Pedro Ivo Castro (Professor de História Concursado de Parauapebas ex-membro do Diretório do PSOL em Belém);
4 – Maria Fonseca (Mestre em Língua Portuguesa, concursada no município e no estado, Secretária da Mulher do Diretório Municipal Do PSOL e ex-candidata à vereadora pelo PSOL);
5 -Deicharles Damasceno (Jornalista e promotor de eventos);
6 – Wellington Ramos (Servidor Público Municipal concursado);
7- Jocelio Carvalho (Guarda Municipal bê delegado sindical pelo Sinseppar);
8 – Roberto Vieira (Ex-Presidente do SINSEPPAR e atual diretor Financeiro e ex-candidato a vereador pelo PSOL);
9- Valder Alves (Presidente do clube dos servidores públicos e diretor Social do sindicato dos servidores públicos de Parauapebas);
10 – Jearlan Almeida (Servidor Público de Parauapebas e dirigente sindical do sindicato dos servidores públicos);
11 – Elizete Xavier (Enfermeira e ex-Coordenadora da CTRH);
12 – Patrícia Oliveira (Advogada);
13 – Antônio da Conceição (Contador e militante do PSOL);
14 – Helen Keila (Conselheira bl de Saúde e diretora da Associação de Enfermagem de Parauapebas);
15 – Jorge Ayres (Professor da rede municipal e militante histórico do PSOL e SINTEEP);
16 – Mauricelia Gama (Militante do PSOL);
17 – Lennon Maia (Servidor Público Municipal lotado na defensoria Pública);
18 – Rita Maia (Fonoaudióloga concursada em Parauapebas e ex-candidata a vereadora no município);
19 – Roberto Sales (Advogado e servidor público lotado na defensoria pública);
20 – Iran Monteiro (Professor da rede municipal e militante do PSOL e coordenador regional do SINTEEP);
21 – Miquéias Pinto (Professor Concursado da rede municipal e coordenador do Sintepp);
22- Cesar Moraes (Enfermeiro Concursado e ex-candidato a Vereador pelo PSOL);
23- Abimael (Servidor concursado, lotado na assistência social e dirigente do sindicato dos servidores públicos de Parauapebas);
24 – Afonso Gilberto (Professor da rede Municipal, bancário concursado pelo BANPARÁ, ex-presidente do PSOL municipal e ex-candidato a Vereador pelo PSOL);
25- Gardênia Lima (Assistente Social concursada e conselheira de saúde);
26- Cleudiene Silva (Agente Comunitária de Saúde e Membro do Diretório Estadual do PSOL);
27- Vitor Hugo (Técnico de segurança do trabalho militante do PSOL);
28- Rodrigo Cardoso (Jornalista filiado ao PSOL);
29- José Omar Arrais (Servidor Público Concursado e Advogado);
30- Mariana Oliveira (Bióloga e Professora Universitária).

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